domingo, 22 de setembro de 2013

Lido por aí...(2)


Já te disse que estou pronta em 5 minutos. Pára de me chatear de meia em meia hora.


Quem disse que o mundo é dos que acordam cedo? O mundo é de quem acorda feliz!


Tenho tantas coisas para fazer que para não ser injusta com nenhuma delas... não vou fazer nada!



sábado, 21 de setembro de 2013

Lido por aí

Algumas coisas na vida não têm preço
mas muitas têm troco.



Assim é a vida.  Um recomeçar contínuo, mesmo quando tudo está perdido.
 
 A partir de agora é proibido:
Levantar da cama sem Sonhos,
Vestir-se sem Esperança,
Caminhar sem
E viver sem Amor.
 
Vire a página. Dê um ponto final nas coisas que te fazem mal. A vida é um círculo, não um quadrado. Tenha pressa de ser feliz, porque nós não sabemos quanto tempo nos resta.
(Retiradas do Facebook)

Frases soltas

Sentenças, aforismos, citações, frases lapidares e afins há aos montes nas redes sociais, mormente no facebook. Repetem-se milhares de vezes, com roupagens novas, com desenhos, sem desenhos, com fundos idílicos ou sem eles. Em alguns reconhecemos traduções, muitas vezes mal feitas. Em outros, os atropelos à língua portuguesa fazem tremer qualquer desacordo ortográfico. Com uns rimos até às lágrimas, com outros nos comovemos. Uns passam a correr, outros encalham na nossa consciência. Há para todos os gostos e tamanhos. Vou começar a trazê-los para aqui.


sábado, 22 de junho de 2013

Falado à Moda Antiga

Em Olhão fala-se de um modo ligeiramente diferente, mas a base, digamos, é idêntica.
Este texto trouxe-o daqui, do blog de Eurico Duarte. Merece a pena ler os outros textos.

Este na bateu do cu do burro

Oije, vou-ma contar uma parte ca famila más intiga usa a contar e que ê cude que se passou faz ele já munte tempo...

Há muntes anes, havia num monte um moçqueno munte rabalão. Certe dia, a mãe dê-le ordem de ir à vila, mode ir vinder uns cestinhos d'imprêta. O moçqueno levou o burro cos cestos e más uns figuinhos, mode im le dando griza ter quajquer cousita pa morfar plo caminho.

Abalou o moço más o burro, inda o sol mal xpontava, e foi pla chapada do cerro abaxo. Im chegado à varja, ia ele cantarolando uma modinha e alembra-se dos figuinhos que trazia nas aljebêras. Uns era más grados que outros, uns sariam más sadios e outros tariam murrinhosos. Ora, o moço, como inda na levava munta griza e era bicoso com o quemer, pranta-se a ravinhar dos figos. Tirou um ou otro que le agradou más e os outros ia jogando neles fora e dezia «este bateu do cu do burro, na presta!». Vai daí, más de metade dos figos dixou-os ele plo caminho, mode terem batido "do cu do burro"...
Passou-se o dia, o moçqueno lá na vila a fazer venda dos cestos... e condo se fez sol-pestinho vêo de volta po monte. Ma mostra co messinho na tinha quemido nada o dia intêro e vinha cuma griza que já nã aguintava más. Vai daí, quemeça ele a ver os figuinhos qu'ele tinha jgado fora plo caminho. Ó... Vá-se fazendo a boquinha im água e, às tantas, salta o moço do burro e pranta-se a panhar os figos do chão. Assoprava neles e dezia «Este na bateu do cu do burro» e morfava-os cum um gosto, c'até le sabia a xirém! Inté dixou o burro da mão, mode andar à pergunta dos figos, tal na era a griza que levava...

E assim foi. Inda oije, condo a famila dá parte de alguém ser bicoso, ma adespôs, im le dando a griza, já come de tudo sim ravinhar, usa-se a dezer «olha, esse na bateu do cu do burro!».

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Ó Meu Rico S. João!

Fernando Pessoa dizia que as quadras populares são o vaso de flores que o Povo põe à janela da alma.

Há mais de 75 anos que o Jornal de Notícias promove o concurso de quadras populares, no âmbito das festas do S. João. Aqui vão algumas:

No dia de S. João
Há fogueiras e folias
Gozam uns e outros não
Tal como nos outros dias

Aqui tens meu coração
Decide da sua sorte
Mas olha que S. João
É contra a pena de morte (1931)

Quando as saias arregaça
Para bailar livremente
Maria, cheia de graça
Faz a desgraça da gente (1931)

Teus lindos olhos cravaste
Nas fogueiras, com ciúme
E de novo incendiaste
As próprias cinzas do lume (1933)

Da imensa cascata erguida
Sobre este monte bizarro
Apenas somos, na vida,
Pobres bonecos de barro (1944)

Trocaste um passo na roda
E desse passo mal dado
Houve arroz doce na boda
Que sabia a baptizado (1947)

Ficar sem festa e sozinha
É tudo quanto me resta
Porque os foguetes que tinha
Deitei-os antes da festa (1953)

Povo! Na tua fé louca
Cantavas pra não chorar!...
Hoje sem cravos na boca
Choras de poder cantar (1974)

Com certas moças não brinco
Em noite de S. João
São como porta sem trinco
Que faz de um homem ladrão (1980)

Tenho o salário em atraso
Mas vou pra rusga contente
Hoje o meu contrato a prazo
É de amor a toda a gente (1986)

Acabada a reinação
Vim da festa acompanhado.
Quis passar por gavião,
Acabei pombo anilhado. (1995)


Não te iludas meu amor
Co'a cascata do vizinho;
Tem balões e muita cor...
Mas não tem nenhum santinho! (2012)

 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ai a Língua!

No meio das incongruências políticas com que somos premiados todos os dias, vão também saltando aqui e ali outras incongruências. Gramaticais e semânticas, a bem dizer. Não é que eu entenda muito da natureza destes palavrões, mas do que eu vou aqui falar não há enquadramento económico, desportivo, cultural ou recreativo, pelo que se encaixa aí na perfeição.
Vamos lá: num dia da semana que passou, o Presidente da República, não sei se no ardor do discurso inflamado sobre a austeridade , se no estertor da defesa da mesma, e entalado na péssima dicção que vem ultimamente desenvolvendo, saiu-lhe um "cidadões" para aqui, um "cidadões" para acolá. Como nesse momento da reportagem televisiva estava com umas coisas entre mãos (rás parta a cebola!), o meu cérebro não reagiu de imediato. Fcou, no entanto, uma nódoazita à tona dos líquidos, que foi espalhando e incomodando. À noite, parou tudo, parei tudo. Tinha de ouvir a peça. E lá estava o "ões" da indignidade gramatical. Ó senhor Presidente, que lhe falte letras na sua oralidade, que confunda os "r" com os "g" vá que não vá, pois que não sendo locutor de rádio, a mais não será obrigado. Mas CIDADÕES? CIDADÕES? Santa paciência! Eu que passo um terço do meu dia a martelar na cabeça dos moços (salvo seja!) o singular e  o plural, que risco com quase fúria as desafinações do género e número, ainda tenho de levar com um presidente que maltrata a Língua? Por favor, despalite o bolo-rei dos dentes, recomponha-se, olhe para a sua mestra Maria e fale como deve ser! 
A outra incongruência deu-se ontem. Via Tweeter. Via deputado. Carlos Abreu Amorim, também no ardor do discurso clubístico, ou no estertor do reinado político, desabafou em mensagem eletrónica que quem não é do clube do Porto é Magrebino! Redutor, o futebol: se não és deste mundo azul dos quatro costados, então só podes pertencer à turba acéfala dos rafeiros sem casa nem dono, que ocupam a outra parte do mundo que é magrebino! Dois insultos numa só frase. É obra. E é este ser surreal um DEPUTADO. Claro que ele pode ter a vida que quiser, o clube que quiser,  que tem direito a ter vida para além de deputado. Mas não se pode esquecer de que é uma figura pública e que não pode dizer bacoradas da boca para fora. Ninguém lhe dá o direito de usar nomes com segundos sentidos! Quem são os Magrebinos? Os habitantes do Magreb. Tão só. São pessoas como todas as outras. Usar o seu nome com sentido pejorativo, para desvalorizar outros, para acentuar divisões Norte e Sul, isso é baixo e ridículo. Componha-se, homem de Deus! Fale como deve ser que o seu ordenado de deputado é pago pelos contribuintes deste país, com as mesmas origens que as suas!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Primeira Viagem ao Espaço

No dia 12 de abril de 1961, o cosmonauta  Iuri Alexeyevich Gagarin tornou realidade o grande sonho do Homem - viajar e entrar no espaço. 

Carlos Drumond de Andrade viu assim o desejo da aventura espacial:

O HOMEM; AS VIAGENS

O homem,bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na terra
lugar de muita miséria e pouca diversão
faz um foguete,uma cápsula,um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada tão igual à Terra
O homem chateia-se na Lua
Vamos para Marte-ordena a suas máquinas
Elas obedecem,o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado,que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro-diz o engennho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto- é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repertório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol,falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.

Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo
por o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene,insuspeitada alegria
de con-viver.


quinta-feira, 28 de março de 2013

Páscoa

PROCISSÃO

Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.

Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!

Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!

Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.

Letra: António Lopes Ribeiro 
Declamação: João Villaret


 

domingo, 24 de março de 2013

Letras dos Outros


<<O Ministério da Educação e da Ciência (MEC) anunciou que os professores com "horário zero" poderão passar, já a partir do próximo ano lectivo, ao regime de mobilidade especial. O Ministério da Educação continua a transferir milhões de euros para colégios com contratos de associação, redundantes porque  situados nas proximidades de escolas do Estado. Na sua grande maioria, estes colégios são propriedade de personalidades muito próximas do poder político. Entre sacrificar o enriquecimento destes amigos e ameaçar professores com um despedimento a médio prazo e pô-los a receber metade do vencimento, o Governo não hesitou. Se a medida for avante, se os portugueses não acabarem de vez com este pesadelo e o Governo não for deposto, no próximo ano lectivo teremos milhares de professores à míngua em casa a sofrerem a violência de uma inactividade forçada para que uma espécie de empreendedores possa manter um negócio à sombra do Estado à custa do sustento que profissionais que dedicaram uma vida inteira ao ensino deixarem de receber. O terror quer avançar mais uns passos. É cada vez mais urgente fazê-lo tropeçar.>> O País do Burro

quarta-feira, 13 de março de 2013

Amor e Fraternidade

 A surpresa tomou conta do mundo católico perante a escolha de um cardeal argentino para suceder a Bento XVI. Pela primeira vez foi eleito um Papa oriundo do continente Americano. Isto pode querer dizer muito. E o facto de ter sido escolhido, também pela primeira vez, o nome de Francisco pode querer dizer tudo. Enquadrado por uma origem religiosa vocacionada para a missionarização (Jesuita) e ligando-se ao nome de Francisco de Assis, espera-se um pontificado de renovação e mudança, e de responsabilidade social perante os mais desfavorecidos. "Amor e Fraternidade" foram as palavras chave do discurso de apresentação de Francisco I na varanda da Basílica de S. Pedro. Perante a grave crise que se apossou do Vaticano pelos sucessivos escândalos mundanos e que, de algum modo, têm abalado os católicos, a postura deste novo Papa pode trazer novos contornos à espiritualidade e à fé, à consciência social e ao diálogo entre os Povos, apelando à fraternidade dentro e fora da Igreja e reforçando o amor em Cristo e na sua doutrina.

da net


Giovanni di Pietro di Bernardone, é o nome de São Francisco de Assis.  Depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo de seu tempo. Com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos de seu tempo costumavam fixar-se em mosteiros, e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo. Sua atitude foi original também quando afirmou a bondade e a maravilha da Criação num tempo em que o mundo era visto como essencialmente mau, quando se dedicou aos mais pobres dos pobres, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irmãos. 
Dante Alighieri disse que ele foi uma "luz que brilhou sobre o mundo", e para muitos ele foi a maior figura do Cristianismo desde Jesus.
Num período em que o modelo feudal entravam em declínio e emergia a burguesia mercantil como grande força econômica, tentou ensinar aos novos poderosos a responsabilidade social e os perigos que trazia sua riqueza, e aos miseráveis as virtudes e possibilidades espirituais ocultas em sua condição desfavorecida e seu valor inalienável como filhos de Deus, mostrando a todos que a religião podia ser fonte de alegria e não causa de opressão, e apresentando novas alternativas de expressão para uma espiritualidade que estava num processo de transição, o qual se não fosse iluminado por seu exemplo de fraternidade e obediência estrita às instituições religiosas estabelecidas poderia resultar num beco sem saída ou na revolta cismática.
Os testemunhos de época relatam que seu estilo de pregação era direto e simples, usando o vernáculo, longe da eloquência sacra de seu tempo, mas afirmam que sua sinceridade e compreensão das dificuldades da vida popular,[...]faziam que seu discurso tivesse um efeito persuasivo profundo.
Outra de suas contribuições foi a de enfatizar a paz, a tolerância, o respeito e a concórdia, e ele sempre teve a convicção de que os irmãos deviam ser pacificadores, o que deixou expresso em vários escritos e foi repetido por seus biógrafos. Mesmo nas missões que enviou para entre os muçulmanos fez recomendações para que os missionários mantivessem uma postura de respeito para com as manifestações da divindade em todos os credos e de sujeição às leis civis locais, e que evitassem se envolver em disputas teológicas.

(sublinhados meus)



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Degraus

produção própria, Ria Formosa

Os Anos são Degraus  
Os anos são degraus, a Vida a escada.
Longa ou curta, só Deus pode medi-la.
E a Porta, a grande Porta desejada,
só Deus pode fechá-la,
pode abri-la.

São vários os degraus; alguns sombrios,
outros ao sol, na plena luz dos astros,
com asas de anjos, harpas celestiais.
Alguns, quilhas e mastros
nas mãos dos vendavais.

Mas tudo são degraus; tudo é fugir
à humana condição.
Degrau após degrau,
tudo é lenta ascensão.

Senhor, como é possível a descrença,
imaginar, sequer, que ao fim da Estrada,
se encontre após esta ansiedade imensa
uma porta fechada
e mais nada?

Fernanda de Castro, in "Asa do Espaço"

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Parabéns, Simone!


Simone de Oliveira faz hoje 75 anos!
Mesmo nos tempos em que nem toda a música portuguesa me caía bem, a voz da Simone tinha qualquer coisa de diferente que me fascinava.
"Na voz de Simone as palavras reencontram a vibração e o volume, o contorno a sombra, o desgarrar ou a frescura, que sempre sonha dar-lhes quem ao papel as arremessa.", disse David Mourão-Ferreira e isso traduz bem a qualidade de interpretação que deu às composições que para ela foram escritas por diversos autores. A minha favorita é "Sol de Inverno", de Nóbrega e Sousa e Jerónimo Bragança, vencedora do Festival da Canção RTP, em 1965.




segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Efeméride

Roberto Ivens 

Roberto Ivens, militar e explorador português do continente africano, nasceu a 12 de Junho de 1850, na Ilha de São Miguel, nos Açores, e morreu a 28 de Janeiro de 1898, tendo alcançado o cargo de capitão-tenente. Filho de Margarida Júlia de Medeiros Castelo Branco, de apenas 18 anos de idade, oriunda de uma família de modestos recursos, e de Robert Breakspeare Ivens, de 30 anos, filho do abastado comerciante inglês William Ivens, residente em Ponta Delgada desde 1800. Robert Breakspeare Ivens era bisneto materno do famoso Thomas Hickling, vice-cônsul americano em Ponta Delgada.
Em 1861 Roberto Ivens é inscrito na Escola da Marinha, em Lisboa, ali fazendo os estudos que o conduziram a uma carreira como oficial de marinha. Foi sempre um estudante inteligente e aplicado, mas igualmente brincalhão.Depois de viajar por diferentes países, Ivens foi nomeado, em 1877, para acompanhar Hermenegildo Capelo e Serpa Pinto numa expedição proposta pela Sociedade de Geografia de Lisboa. O objetcivo desta expedição era explorar o continente africano, se possível efectuando a ligação entre a costa atlântica e a costa do Índico, para recolher informações de carácter geográfico que facilitassem o comércio e as comunicações.De regresso a Lisboa, Roberto Ivens foi alvo de grande homenagem pelo trabalho efetuado em África. Das suas viagens ficaram os relatos De Angola à Contracosta e De Benguela às Terras de Iaca, que Ivens escreveu com Capelo.

Wikipedia e Infopedia

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Para as Minhas Meninas



 QUANDO EU FOR PEQUENO

Quando Eu For Pequeno , mãe,
quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias
inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida
me entregarão ao sossego do sono.

Quando eu for pequeno, mãe,
os teus olhos voltarão a ver
nem que seja o fio do destino
desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes
sobre a baía dos veleiros imaginados.

Quando eu for pequeno, mãe,
nenhum de nós falará da morte,
a não ser para confirmarmos
que ela só vem quando a chamamos
e que os animais fazem um círculo
para sabermos de antemão que vai chegar.

Quando eu for pequeno, mãe,
trarei as papoilas e os búzios
para a tua mesa de tricotar encontros,
e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar
enquanto o pai ao longe nos acena,
lenço branco na mão com as iniciais bordadas,
anunciando que vai voltar porque eu sou
[pequeno
e a orfandade até nos olhos deixa marcas.

José Jorge Letria, in "O Livro Branco da Melancolia"