A surpresa tomou conta do mundo católico perante a escolha de um cardeal argentino para suceder a Bento XVI. Pela primeira vez foi eleito um Papa oriundo do continente Americano. Isto pode querer dizer muito. E o facto de ter sido escolhido, também pela primeira vez, o nome de Francisco pode querer dizer tudo. Enquadrado por uma origem religiosa vocacionada para a missionarização (Jesuita) e ligando-se
ao nome de Francisco de Assis, espera-se um pontificado de renovação e
mudança, e de responsabilidade social perante os mais desfavorecidos.
"Amor e Fraternidade" foram as palavras chave do discurso de apresentação de Francisco I na varanda da Basílica de S. Pedro. Perante a grave crise que se apossou do Vaticano pelos sucessivos escândalos mundanos e que, de algum modo, têm abalado os católicos, a postura deste novo Papa pode trazer novos contornos à espiritualidade e à fé, à consciência social e ao diálogo entre os Povos, apelando à fraternidade dentro e fora da Igreja e reforçando o amor em Cristo e na sua doutrina.
Giovanni di Pietro di Bernardone, é o nome de São Francisco de Assis. Depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo de seu tempo. Com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos de seu tempo costumavam fixar-se em mosteiros, e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Cristo,
desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus
semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo. Sua atitude foi
original também quando afirmou a bondade e a maravilha da Criação
num tempo em que o mundo era visto como essencialmente mau, quando se
dedicou aos mais pobres dos pobres, e quando amou todas as criaturas
chamando-as de irmãos.
Dante Alighieri disse que ele foi uma "luz que brilhou sobre o mundo", e para muitos ele foi a maior figura do Cristianismo desde Jesus.
Num período em que o modelo feudal entravam em declínio e emergia a burguesia mercantil como grande força econômica, tentou ensinar aos novos poderosos a responsabilidade social e os perigos que trazia sua riqueza, e aos miseráveis as virtudes
e possibilidades espirituais ocultas em sua condição desfavorecida e
seu valor inalienável como filhos de Deus, mostrando a todos que a
religião podia ser fonte de alegria e não causa de opressão, e
apresentando novas alternativas de expressão para uma espiritualidade
que estava num processo de transição, o qual se não fosse iluminado por
seu exemplo de fraternidade e obediência estrita às instituições
religiosas estabelecidas poderia resultar num beco sem saída ou na
revolta cismática.
Os testemunhos de época relatam que seu estilo de pregação era direto e simples, usando o vernáculo,
longe da eloquência sacra de seu tempo, mas afirmam que sua sinceridade
e compreensão das dificuldades da vida popular,[...]faziam que seu discurso tivesse um efeito persuasivo profundo.
Outra de suas contribuições foi a de enfatizar a paz, a tolerância, o
respeito e a concórdia, e ele sempre teve a convicção de que os irmãos
deviam ser pacificadores, o que deixou expresso em vários escritos e foi
repetido por seus biógrafos. Mesmo nas missões que enviou para entre os muçulmanos fez recomendações para que os missionários
mantivessem uma postura de respeito para com as manifestações da
divindade em todos os credos e de sujeição às leis civis locais, e que
evitassem se envolver em disputas teológicas.
(sublinhados meus)
3 comentários:
Este Papa Francisco parece-me ligar-se mais a S.Francisco Xavier do que a Francisco de Assis.
Sobre ele existem documentos que o ligam de forma clara às ditaduras argentinas dos anos 70.
Não creio que traga nada de progressista à Igreja católica.
Um abraço.
Olá Jorge!
Também tenho conhecimento sobre os seus envolvimentos e as ditaduras argentinas dos anos 70. As ideias dele sobre os problemas atuais ( aborto, homossexuais, etc.) são também muito conservadoras. Gostava mais que o nome que ele escolheu tivesse mais ligação ao primeiro Francisco do que a Xavier. Espera-se renovação e mudança e um maior uso e força da influência que o Vaticano tem no tabuleiro internacional. Espera-se... Esperemos.
Um abraço
Esperança
Vamos esperar para ver. Eu também tenho conhecimento dessas supostas ligações, mas também tenho conhecimento de que nos últimos anos as ligações foram ao contrario. Toda a gente pode errar e toda a gente pode redimir-se. Embora esperarasse um papa com ideias mais abertas em relação a alguns temas ainda assim prefiro esperar para ver.
Um abraço
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