sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Eu sei que há...


Já por diversas vezes me dou em frente do computador, tentando actualizar este bocadinho de relax e descanso, mas nada sai. É certo que nestes dois últimos meses, os trinta dias de cada um não chegaram para as encomendas, isto é, foram poucos para o que apareceu para fazer. Mas também é verdade que estes períodos de muito trabalho já fazem parte da família e nunca se fizeram acompanhar desta apatia que se me tem enrolado como cachecol à volta do pescoço.
Fervilha a cabeça com as notícias diárias da gripe, do banco, melhor, dos bancos, das vacinas, dos julgamentos sem fim à vista, dos assaltos violentos, das grávidas sem vacina, dos padres com armas a enfeitar os altares exauridos de fé, talvez perdida nas filas intermináveis nos centros de (des)emprego, outra vez da gripe, outra vez dos bancos, dos mil, mil, milhões que voam e os coitados que não sabiam de nada... ufa!
Fervilha a minha cabeça, rolam os ohos, mas os dedos recusam a escrever. Ora bolas! Queria encontrar coisas boas para escrever sobre, mas não descortino, assim de momento.

Claro que tenho a minha Aurora, mas não a quero ainda nestas andanças da net, com fotos de todos e mais alguns passos, de beijinhos e mais inhos. O tempo dela chegará com mais modernices tecnológicas, quiçá até escrever só com o pensamento.

Eu sei que há algumas coisas boas por aí que merecem umas linhas. São poucas, sim. Vou descobrir e pode ser que ainda antes do Natal eu as derrame aqui neste bocadito, para relaxar e descansar de novo.

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Mesmo agora descobri um coisa novinha em folha: hoje é o Dia Mundial do Café!!!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Homem das Castanhas

Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.

É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.

A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa.

Letra: Ary dos Santos
Canta: Carlos do Carmo