terça-feira, 17 de agosto de 2010

Céu de Estrelas

Neste princípio de semana foram lembradas duas datas: o 33º aniversário da morte de Elvis Presley e o 50º aniversário do primeiro concerto dos Beatles.
Estrelas no céu da fama que marcaram gerações e fizeram história.





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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Laços

Jean-Baptiste-Siméon Chardin
A Jovem Professora (1736)


Visitações, ou o poema que se diz manso

De mansinho ela entrou, a minha filha.

A madrugada entrava como ela, mas não
tão de mansinho. Os pés descalços,
de ruído menor que o do meu lápis
e um riso bem maior que o dos meus versos.


Sentou-se no meu colo, de mansinho.

O poema invadia como ela, mas não
tão mansamente, não com esta exigência
tão mansinha. Como um ladrão furtivo,
a minha filha roubou-me a inspiração,
versos quase chegados, quase meus.

E mansamente aqui adormeceu,
feliz pelo seu crime.

Ana Luisa Amaral

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ria Formosa

Ria Formosa

Nasci na ria formosa

Sou filha deste sapal
neta da moura de Bias
Sou de Floripes rival
nesta ria fui nascida num dia de claridade
na luz do sol ao meio dia
Em Agosto sou a acalmia
Sou o vento beduíno
o velho o moço o menino
que há em cada pescador Sou o desgosto e a dor
Vela ao senhor dos aflitos
Sou mãe de todos os gritos Padroeira do pavor
que assalta quem é perdido
e de quem teme perder o irmão o pai o marido
Sou a santa no andor em dia de procissão
Sou a rameira de Olhão -
Apelido que a inveja
das puritanas me deu-
Pois da braveza do mar
da escalmorrice da vida me veio a pele sertaneja
e o sangue a ferver no corpo que todo o homem deseja
Sou filha da luz da lua
gerada na noite escura numa cópula sem rosto
Sou filha dos homens todos
e de todas as mulheres Irmã de todas as vagas
Sou amiga das diabas
Sou amante dos diabos e dos ventos desgarrados
atiçados a sueste
que se lançam contra a duna
Sou vulgar e importuna Rainha dos meus humores
no castelo aonde abrigo os corpos dos pescadores
que a maré por devaneio resolve levar consigo
Olho o esteio de cada barco que entra e sai aquela barra
por onde eu saía à garra para depois na enchente
ser levada na corrente
e aos beijos e abraços entrar de novo à deriva
neste berço
nesta ria
que me viu nascer poeta para em meus versos ou prosa
cantar até rebentar este braçado de mar
a que chamaram Formosa.

Julieta Lima, in http://hienas.blogs.sapo.pt/
foto minha

domingo, 1 de agosto de 2010

Agosto


Poesia de Agosto

Foi em Agosto que descobri
O sabor das ondas nos teus olhos
O teu corpo úmido de maresia
Espraiando no perfil moreno do sol
Todo o êxtase viril que de ti vinha
Foi em Agosto que descobri em ti
O azul matizado do céu
O colorido do poente brincando em mim
Todo o sonho dos peixes
Fechados nas nossas mãos
Sonho porque te quero sonhar
E deixa-me dizer-te
Porque senão eu choro
Eu sou o espaço...
Uma dádiva...
Vem porque é Agosto
E quero cantar-te...


Ana Júlia Monteiro Macedo Sança
imagem da net