segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Natal
Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitros de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Ary dos Santos
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Poesia a condizer
Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu fi-lo perfeitamente,
Para diante de tudo foi bom
bom de verdade
bem feito de sonho
podia segui-lo como realidade
Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu sei-o de cor.
Até reparo que tenho só esperança
nada mais do que esperança
pura esperança
esperança verdadeira
que engana
e promete
e só promete.
Esperança:
pobre mãe louca
que quer pôr o filho morto de pé?
Esperança
único que eu tenho
não me deixes sem nada
promete
engana
engano que seja
engana
não me deixes sozinho
esperança.
Miguel Torga
Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Incoerências
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Acertos...temporários
Li algures na internet que:
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
E Agora?
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Acreditar, com Serenidade
Debaixo do céu há momento para tudo
E tempo certo para cada coisa:
Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de construir.
Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar;
tempo de chorar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
tempo de abraçar e tempo de afastar.
Há tempo de procurar e tempo de perder;
tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
tempo de rasgar e tempo de remendar;
tempo de ficar calado e tempo de falar.
Há tempo de amar e tempo de odiar;
tempo de guerra e tempo de paz.
Eclesiastes 3:1-8
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Céu de Estrelas
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Laços
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Ria Formosa
Nasci na ria formosa
Sou filha deste sapal
neta da moura de Bias
Sou de Floripes rival
nesta ria fui nascida num dia de claridade
na luz do sol ao meio dia
Em Agosto sou a acalmia Sou o vento beduíno
o velho o moço o menino
que há em cada pescador Sou o desgosto e a dor
Vela ao senhor dos aflitos
Sou mãe de todos os gritos Padroeira do pavor
que assalta quem é perdido
e de quem teme perder o irmão o pai o marido
Sou a santa no andor em dia de procissão
Sou a rameira de Olhão -Apelido que a inveja
das puritanas me deu-
Pois da braveza do mar
da escalmorrice da vida me veio a pele sertaneja
e o sangue a ferver no corpo que todo o homem deseja
Sou filha da luz da lua
gerada na noite escura numa cópula sem rosto
Sou filha dos homens todos
e de todas as mulheres Irmã de todas as vagas
Sou amiga das diabas
Sou amante dos diabos e dos ventos desgarrados
atiçados a sueste
que se lançam contra a duna
Sou vulgar e importuna Rainha dos meus humores
no castelo aonde abrigo os corpos dos pescadores
que a maré por devaneio resolve levar consigo
Olho o esteio de cada barco que entra e sai aquela barra
por onde eu saía à garra para depois na enchente
ser levada na corrente
e aos beijos e abraços entrar de novo à deriva
neste berço
nesta ria
que me viu nascer poeta para em meus versos ou prosa
cantar até rebentar este braçado de mar
a que chamaram Formosa.
Julieta Lima, in http://hienas.blogs.sapo.pt/
foto minha
domingo, 1 de agosto de 2010
Agosto

Foi em Agosto que descobri
sábado, 31 de julho de 2010
Celebrar a Vida

Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
E só de mim que ando delirante
-Manhã tão forte que me anoiteceu.
sábado, 24 de julho de 2010
No tempo das cerejas...
domingo, 4 de julho de 2010
Poesia
Preciso ser um outro
quarta-feira, 23 de junho de 2010
São João
Ó meu rico São João,
Vira a cara para o lado,
Já me queimei na fogueira,
Não cumpri o combinado.
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Jurei saltar a fogueira
E meus pecados limpar.
São João, já fiz asneira,
E, assim, não posso casar.
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São coisas de antigamente,
E já ninguém quer saber!
Mas São João será sempre,
para bailar e beber.
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Duo Ouro Negro, Maria Rita
Quadras minhas
terça-feira, 22 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
José Saramago (1922-2010)
Retrato do Poeta Quando Jovem
Há na memória um rio onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.
Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.
Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.
Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.
José Saramago
sábado, 12 de junho de 2010
O Zé Povinho


segunda-feira, 31 de maio de 2010
Pescador

Poveirinhos! meus velhos pescadores!
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Crónica de nada
Afinal, meu bloguesito de estimação, sempre deitaste cá para fora o que aí tinhas guardado. Não era nada, mas sempre ficaste aliviadito.
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E para celebrar o Dia da Literatura da Galiza, recordo um excerto de um belíssimo poema de Rosalía de Castro (A Orillas del Sar)
quarta-feira, 5 de maio de 2010
A Nossa Língua Portuguesa
sábado, 1 de maio de 2010
Poema à Mãe
Tudo porque já não sou
Tudo porque tu ignoras
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
Tudo porque perdi as rosas brancas
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Mas tu esqueceste muita coisa!
Olha - queres ouvir-me? -,
ainda aperto contra o coração
ainda oiço a tua voz:
Mas - tu sabes! - a noite é enorme
Eu saí da moldura,
Não me esqueci de nada, mãe.

Eugénio de Andrade
terça-feira, 27 de abril de 2010
Lembrar Mário de Sá-Carneiro
Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minhalma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...
Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Listas de som avançam para mim a fustigar-me
Em luz.
Todo a vibrar, quero fugir... Onde acoitar-me?...
Os braços duma cruz
Anseiam-se-me, e eu fujo também ao luar...
Mário de Sá-Carneiro (n.1890-m.26 de Abril de 1916)
sexta-feira, 23 de abril de 2010
O Planeta dos Livros

O segundo recorda um tempo que foi vivido pela minha geração e que terminou em 25 de Abril de 1974. A guerra do Ultramar, não sendo assunto tabu, ainda carrega feridas que não sararam totalmente. É o eterno problema da resolução do passado para se caminhar no presente sem medo do futuro.
E agora deixo Fernando Pessoa falar pela boca de um dos seus heterónimos.
Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura,
a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto
— Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Abril de Novo
Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Sérgio Godinho
domingo, 4 de abril de 2010
PÁSCOA
(também meus)
Que o passado inspirou.
A natureza inteira a florir
No mais prosaico verso.
Foguetes e folares,
Sinos a repicar,
E a carícia lasciva e paternal
Do sol progenitor
Da primavera.
Ah, quem pudera
Ser de novo
Um dos felizes
Desta aleluia!
Sentir no corpo a ressurreição.
O coração,
Milagre do milagre da energia,
A irradiar saúde e alegria
Em cada pulsação.
Eugénio de Andrade
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Livros Infantis
domingo, 21 de março de 2010
Comemorações...
Ossos, vísceras, destino,
Que seja pedra e alarme
Ou mãos sujas de destino
Que venha, corpo e amante,
e de amante seja irmão
que seja urgente e instante
como um instante de pão
Só assim será poema
Só assim será razão
Só assim te vale a pena
Passá-lo de mão em mão
Que seja rua ou ternura
Tempestade ou manhã clara
Seja arado e aventura
Fábrica terra e seara
Que traga ruas e vinho
Berços, máquinas, luar,
Que faça um barco de pinho
E deite um barco ao mar.
José Jorge Letria
segunda-feira, 1 de março de 2010
Futuro com Côr
repara no preto e no branco
ou no azul que desfalece
porque é o sol magenta dos alvores matinais
Vê como o verde decai
Observa a cor do céu na fria latitude
Atenta no rosa dos frutos da primavera
o negro
o presente persistindo
Atenta nas cores
Lê a tua sina em esmeraldas
e vê como tudo se encaminha para um grande abraço
o magma que há de florescer nas sensações
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
A Língua Materna

Os governos mais sábios deveriam contratar os poetas para o trabalho de restituir a virgindade a certas palavras ou expressões, que estão morrendo cariadas, corroídas pelo uso em clichés. Só os poetas podem salvar o idioma da esclerose. Além disso a poesia tem a função de pregar a prática da infância entre os homens.
Se for para tirar gosto poético vai bem perverter a linguagem. Não bastam as licenças poéticas, é preciso ir até às licenciosidades. Temos de molecar o idioma para que ele não morra de clichés. Subverter a sintaxe até à castidade: isto quer dizer: até obter um texto casto. Um texto virgem que o tempo e o homem ainda não tenham espolegado.
O nosso paladar de ler anda com tédio. É preciso propor novos enlaces para as palavras. Injectar insanidade nos verbos para que transmitam aos nomes seus delírios. Há que se encontrar a primeira vez de uma frase para ser-se poeta nela. Mas isso é tão antigo como menino mijar na parede. Só que foi dito de outra maneira.
Se você prende uma água, ela escapará pelas frinchas. Se você tirar de um ser a liberdade, ele escapará por metáforas. No internato, longe de casa, eu não sabia o que fazer e fiz um aparelho de ser inútil. E comecei a brincar com ele. Um padre disse: - Não presta para nada; há-de ser poeta!
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Outros Sambas...
Se o amor é fantasia,
eu me encontro ultimamente em pleno carnaval
Vinicius de Morais
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Coisas de Poesia...
Hoje, por exemplo, em conversa com a Cristina M. veio à baila a Fernanda de Castro. Difícil escolha,pensei eu, pois as palavras dela têm muita alma, cor e vida e uma pessoa perde-se. Escolhi este:
Urgente é construir serenamente
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Rosa Lobato Faria

Quem me quiser
Quem me quiser
Quem me quiser
Quem me quiser
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto
Este versículo bíblico está na origem do nome dado ao complexo construído em Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto.
O Yad Vashem abrange uma vasta área onde estão instalados: o moderno Museu da História do Holocausto, vários memoriais, como o Memorial das Crianças, a Sala da Memória, o Museu de Arte do Holocausto, esculturas, a sinagoga, arquivos, um instituto de pesquisa, biblioteca, uma editora e um centro educacional, a International School for Holocaust Studies (Escola Internacional para o Estudo do Holocausto).
Também existem lugares comemorativos ao ar livre, como o Vale das Comunidades e o Jardim dos Justos Entre as Nações, que presta homenagem a todos os não-judeus que arriscaram a vida, liberdade ou posição para salvar judeus durante o Holocausto. O português Aristides de Sousa Mendes é um dos mais de 22,000 indivíduos que, até 2008, foram reconhecidos como Justos entre as nações.

A Sala dos Nomes, onde se lembram os 6 milhões de Judeus que morreram no Holocausto.
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Israel
Caminhar! caminhar!... O deserto primeiro,
O mar depois... Areia e fogo... Foragida,
A tua raça corre os desastres da vida,
Insultada na pátria e odiada no estrangeiro!
Onde o leite, onde o mel da Terra Prometida?
- A guerra! a ira de Deus! o êxodo! o cativeiro!
E, molhada de pranto, a oscilar de um salgueiro,
A tua harpa, Israel, a tua harpa esquecida!
Sem templo, sem altar, vagas perpetuamente.
E, em torno de Sião, do Líbano ao mar Morto,
Fulge, de monte em monte, o escárnio do Crescente:
E, impassível, Jeová te vê, do céu profundo,
Náufrago amaldiçoado a errar de porto em porto,
Entre as imprecações e os ultrajes do mundo!
Olavo Bilac
Fonte: wikipédia (com hiperligação)
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Tragédias
Para me acalmar partilho um poema velhinho
Divina Comédia
Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,
Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inestinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N'um turbilhão cruel e delirante...
Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?
Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — «Homens! por que é que nos criastes?»
Antero de Quental, in "Sonetos"
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Ano Internacional da Biodiversidade
É verdade... Para inverter esta tendência, os líderes europeus estabeleceram o objectivo de travar a perda de biodiversidade na Europa e a recuperação dos habitats e sistemas naturais até 2010 – ano que ficará inteiramente marcado pelas comemorações dedicadas ao Ano Internacional da Biodiversidade.
Os Estados Membros da União Europeia ficarão com a responsabilidade de estabelecer uma ambiciosa abordagem política do plano de acção com uma proposta de medidas concretas. Os principais objectivos do plano de acção a nível internacional passam por reforçar a importância de conservar a biodiversidade tanto para o bem-estar da humanidade como para o desenvolvimento da economia, assim como consciencializar o maior número de pessoas possível.
Para o efeito, Portugal está a criar uma Comissão Nacional, que será presidida pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade.
Está previsto ainda um conjunto de políticas a nível nacional, comunitário e europeu. Segundo a Agência Europeia do Ambiente, as várias políticas incidem em medidas de protecção específicas para espécies e habitats importantes. O Ciência Hoje revela ainda que fonte da Secretaria de Estado do Ambiente tem em mente duas propostas concretas de programação (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos e Centro de Biologia Ambiental) para a criação de uma comissão nacional, restando definir um calendário único.
Prevê-se ainda um ciclo de debates, comemorações e visitas a áreas de maior diversidade. Poderá existir também uma articulação com o país vizinho, já que Portugal partilha uma área de geo-biodiversidade, com Espanha.
O que é a biodiversidade?
As principais causas para o desaparecimento destas espécies são as alterações nos habitats naturais, resultantes dos sistemas intensivos de produção agrícola, da construção, da exploração de pedreiras, da sobrexploração das florestas, oceanos, rios, lagos e solos, da introdução de espécies alóctones invasivas, da poluição e, cada vez mais, das alterações climáticas globais. Vários estudos recentes mostram que se não forem envidados mais esforços políticos significativos, é improvável que esse objectivo seja atingido.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Começo
Às vezes, os Poetas falam de coisas tristes e cinzentas mas falam muitas mais vezes de Amor e de Esperança. E para este ano, o que mais devemos de desejar é não perder a Esperança.
Como me faltam as palavras belas, partilho estas do Arménio Vieira (Prémio Camões 2009):
UM GATO LÁ NO ALTO
Quando e onde
não me lembro já.
Mas o certo é que a gente falava
da cauda longa dos cometas
e do calor intenso
que habita o núcleo das estrelas.
Meus olhos
estavam fitos no espaço
e de repente
vi um gato
pulando lesto e contente.
Eu juro que vi um gato
saltando de uma nuvem para outra
até ficar oculto
num floco todo branco
Confesso: tive ciúme.
“Deixe esse trapo
e salte cá para baixo”
– ia eu gritar ao gato
mas lembrei-me ainda a tempo
que a distância era muita
e que nenhum bichano entende
a conversa cá da gente.
Ainda que ele ouvisse:
o espírito de um gato
é como o canto de um poeta–
não atende nem escuta
a ordem de ninguém
Engraçado! Um gato lá no alto
entre os braços duma nuvem.
Talvez fosse
um bruxo disfarçado
ou a alma de um vate
vogando no espaço.