Quase todos os dias a Poesia me vem ao pensamento e à palavra. É um grande Amor. Não sou grande coisa a juntar palavras com sabor a poesia e, apesar de andarem cá por casa uns rabiscos mal amanhados, nunca me atrevi a agredir a sensibilidade alheia com tais arroubos inspirativos. Mas, como dizia, quase todos os dias a encontro.
Hoje, por exemplo, em conversa com a Cristina M. veio à baila a Fernanda de Castro. Difícil escolha,pensei eu, pois as palavras dela têm muita alma, cor e vida e uma pessoa perde-se. Escolhi este:
Hoje, por exemplo, em conversa com a Cristina M. veio à baila a Fernanda de Castro. Difícil escolha,pensei eu, pois as palavras dela têm muita alma, cor e vida e uma pessoa perde-se. Escolhi este:
Urgente
Urgente é construir serenamente
seja o que for, choupana ou catedral,
é trabalhar a peda, o barro, a cal,
é regressar às fontes, à nascente.
É não deixar perder-se uma semente,
é arrancar as urtigas do quintal,
é fazer duma rosa o roseiral,
sem perder tempo. Agora. Já. É urgente.
Urgente é respeitar o Amigo, o Irmão,
é perdoar, se alguém pede perdão,
é repartir o trigo do celeiro.
Urgente é respirar com alegria,
ouvir cantar a rola, a cotovia,
e plantar no pinhal mais um pinheiro.
Fernanda de Castro, in Poesia II
4 comentários:
Uma boa escolha, na forma e na urgência dos desejos.
Abraço do Zé
Obrigada, Zé Povinho!
Bom fim de semana
Um abraço
Esperança
Como sempre, uma escolha excelente.
Bem-hajas!
Bjinhos
Para quem tem quintal...
Mas percebe-se o que a autora quer dizer.
Vou ver se arranjo um quintal...
onde possa plantar uma figueira...
lampa!
Saudações mais ou menos carnavalescas!
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