quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Liberdade
Paul Éluard (Saint-Denis, 14 de
dezembro de 1895 - Charenton-le-Pont, 18 de novembro de 1952)
Nos meus cadernos de escola
no banco dela e nas árvores
e na areia e na neve
escrevo o teu nome
Em todas as folhas lidas
nas folhas todas em branco
pedra sangue papel cinza
escrevo o teu nome
Nas imagens todas de ouro
e nas armas dos guerreiros
nas coroas dos monarcas
escrevo o teu nome
Nas selvas e nos desertos
nos ninhos e nas giestas
no eco da minha infância
escrevo o teu nome
Nas maravilhas das noites
no pão branco das manhãs
nas estações namoradas
escrevo o teu nome
Nos meus farrapos de azul
no charco sol bolorento
no lago da lua viva
escrevo o teu nome
Nos campos e no horizonte
nas asas dos passarinhos
e no moinho das sombras
escrevo o teu nome
No bafejar das auroras
no oceano nos navios
e na montanha demente
escrevo o teu nome
Na espuma fina das nuvens
no suor do temporal
na chuva espessa apagada
escrevo o teu nome
Nas formas mais cintilantes
nos sinos todos das cores
na verdade do que é físico
escrevo o teu nome
Nos caminhos despertados
nas estradas desdobradas
nas praças que se transbordam
escrevo o teu nome
No candeeiro que se acende
no candeeiro que se apaga
nas minhas casas bem juntas
escrevo o teu nome
No fruto cortado em dois
do meu espelho e do meu quarto
na cama concha vazia
escrevo o teu nome
No meu cão guloso e terno
nas suas orelhas tesas
na sua pata desastrada
escrevo o teu nome
No trampolim desta porta
nos objectos familiares
na onda do lume bento
escrevo o teu nome
Na carne toda rendida
na fronte dos meus amigos
em cada mão que se estende
escrevo o teu nome
Na vidraça das surpresas
nos lábios todos atentos
muito acima do silêncio
escrevo o teu nome
Nos refúgios destruídos
nos meus faróis arruinados
nas paredes do meu tédio
escrevo o teu nome
Na ausência sem desejos
na desnuda solidão
nos degraus mesmos da morte
escrevo o teu nome
Na saúde rediviva
aos riscos desaparecidos
no esperar sem saudade
escrevo o teu nome
Por poder de uma palavra
recomeço a minha vida
nasci para conhecer-te
nomear-te
Tradução JORGE DE SENA
Nos meus cadernos de escola
no banco dela e nas árvores
e na areia e na neve
escrevo o teu nome
Em todas as folhas lidas
nas folhas todas em branco
pedra sangue papel cinza
escrevo o teu nome
Nas imagens todas de ouro
e nas armas dos guerreiros
nas coroas dos monarcas
escrevo o teu nome
Nas selvas e nos desertos
nos ninhos e nas giestas
no eco da minha infância
escrevo o teu nome
Nas maravilhas das noites
no pão branco das manhãs
nas estações namoradas
escrevo o teu nome
Nos meus farrapos de azul
no charco sol bolorento
no lago da lua viva
escrevo o teu nome
Nos campos e no horizonte
nas asas dos passarinhos
e no moinho das sombras
escrevo o teu nome
No bafejar das auroras
no oceano nos navios
e na montanha demente
escrevo o teu nome
Na espuma fina das nuvens
no suor do temporal
na chuva espessa apagada
escrevo o teu nome
Nas formas mais cintilantes
nos sinos todos das cores
na verdade do que é físico
escrevo o teu nome
Nos caminhos despertados
nas estradas desdobradas
nas praças que se transbordam
escrevo o teu nome
No candeeiro que se acende
no candeeiro que se apaga
nas minhas casas bem juntas
escrevo o teu nome
No fruto cortado em dois
do meu espelho e do meu quarto
na cama concha vazia
escrevo o teu nome
No meu cão guloso e terno
nas suas orelhas tesas
na sua pata desastrada
escrevo o teu nome
No trampolim desta porta
nos objectos familiares
na onda do lume bento
escrevo o teu nome
Na carne toda rendida
na fronte dos meus amigos
em cada mão que se estende
escrevo o teu nome
Na vidraça das surpresas
nos lábios todos atentos
muito acima do silêncio
escrevo o teu nome
Nos refúgios destruídos
nos meus faróis arruinados
nas paredes do meu tédio
escrevo o teu nome
Na ausência sem desejos
na desnuda solidão
nos degraus mesmos da morte
escrevo o teu nome
Na saúde rediviva
aos riscos desaparecidos
no esperar sem saudade
escrevo o teu nome
Por poder de uma palavra
recomeço a minha vida
nasci para conhecer-te
nomear-te
Tradução JORGE DE SENA
domingo, 13 de dezembro de 2015
O Primeiro Beijo
![]() |
Capela de Scrovegni , Pádua, Itália. Fresco de Giotto: encontro na Porta Dourada Detalhe do beijo de St. Anna e S. Joaquim |
Para os cristãos, Ana e Joaquim são os pais da Virgem Maria e, por isso, avós maternos de Jesus. O primeiro encontro do casal deu-se na Porta Dourada, uma das entradas de Jerusalém. Em vinte anos de casamento não houve filhos. Porém, um dia um Anjo anunciou-lhes a gravidez tão esperada. A celestial boa nova foi dada a cada um em separado, pelo que quando se encontraram no local onde se tinham conhecido, saudaram-se com alegria e beijaram-se.
O beijo entre Santa Ana e São Joaquim marca o primeiro beijo em história da arte.
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