foto retirada de http://www.iol.pt/
E como a conversa é sobre neve, recordo a
Balada da neve
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim,
fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.
Augusto Gil
16 comentários:
O frio bateu-nos à porta, amiga! Afinal no Algarve também batemos o queixo com esta visita indesejada. Aqui na beira-serra a geada queimou parte das plantas do meu pequeno jardim, as frieiras apareceram nas mãos das gentes serranas e só um belo braseiro nos aquece.
Espera-se mais uma noite gelada.
Bjinhos, miga olhanense.
Eu gosto deste frio, assim aqui estou no quentinho com o aquecimento central ligado.
O segundo poema que decorei!
O primeiro, era do meu livro da 4ª classe e se bem me lembro, era assim:
Levando um velho avarento
certa pedrada num olho
certo doutor não das dúzias,
mas sim médico perfeito
Dez moedas lhe pediu
para o livrar do defeito.
Dez moedas?! diz o avaro
meu sangue não desperdiço!
Dez moedas por um olho?
O outro dou eu por isso!
Ai que me soube tão bem este cadinho...
Beijocas verdes
Cata-Vento
Nem a brisa da nossa Ria nos salva de tanto frio!
De manhã o solzinho ainda aquecia alguma coisa, mas depois...
Ainda há pouco saí para tomar um café e o termómetro do carro marcava 4º!
Tiago R Cardoso
És um sortudo, com o aquecimento central! A minha casa de bairro não tem nada disso. Só o aquecedor aqui ao pé da minha mesa de trabalho!
Um abraço
Esperança
Ana Lagartinha
Que bem me fez recordar esse poema seu! Lembrava-me dos primeiros versos mas não do resto!
As coisas lindas que nós aprendíamos!
bjinhos
Esperança
Vvvviiimmmm dddeiiixarr bbbeiiijinnnhos (isto sou eu a tremer de frio...)
Ana Lagartinha
Esconda-se já dentro de uma maçãzinha bem fofa senão fica encolhidinha!...
Boa semana para si
bjinhos
Esperança
oh que poema magnifico e que recordações boa trouxe.
mesmo com muito frio mto mto obg
1 sorriso mto luminoso e aconchegante e até breve
Lana
Passei para deixar beijinhos. Noto que tem estado um pouco ausente daqui, está tudo bem, espero...
Bjs
Lana
Obrigada pelas suas simpáticas palavras.
bjs
Esperança
Ana Lagartinha
A gripe apanhou-me. Tenho estado "de molho". Só hoje é que me comecei a sentir melhor de modo que pedi aqui ajuda para dar uma voltinha pelos amigos!
bjinhos
Esperança
Adoro neve e apenas uma vez, há 3 anos, a 28 de Janeiro se não me engano, tive o prazer de ver cair uns farrapozinhos em Lisboa.
Depios, tive asorte de ir passear atè à guarda, justamente no dia seguinte à queda do maior nevão nos últimos 50 anos nessa bela cidade a que chamam feia e fria.
Espero que quando me reformar possa revisitar tantos lugares que conheço só de verão e nos quais a beleza da neve vem modificar completamente a paisagem. Até lá... fica a vontade.
Um abraço.
Jorge
A primeira vez que vi neve foi em 93 em Londres! Foi uma sensação indescritível! Leve e silenciosa! Foi um momento inesquecível e não voltei a tê-lo!
No domingo caíu uns farrapitos em Monchique mas eu já não andava bem e achei melhor não ir.
Mas o espectáculo da neve é, de facto, lindíssimo, apesar das coisas más que traz consigo (estradas cortadas, p.e.).
Espero bem que o amigo consiga essas viagens no inverno e nos brinde com as fotos admiráveis que costuma fazer.
Um abraço
Esperança
Esperança, que ironia o nome dela (e não é que tinha mesmo esperança?)
Belos poemas de Quintana.
(O prémio já foi atribuído pelo Pafúncio a 6 mulheres merecedoras.)
Um abraço e bom Domingo
Kaótica
Foi mesmo por ter o meu nome que me deu curiosidade em saber quem era o autor do poema!
Obrigada por ter aceitado o selo e partilhá-lo também.
Um abraço
Esperança
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