Barcos
"Nha terra é quel piquinino
É São Vicente é que di meu"
Nas praias
Da minha infância
Morrem barcos
Desmantelados.
Fantasmas
De pescadores
Contrabandistas
Desaparecidos
Em qualquer vaga
Nem eu sei onde.
E eu sou a mesma
Tenho dez anos
Brinco na areia
Empunho os remos...
Canto e sorrio...
A embarcação
Para o mar!
É para o mar!...
E o pobre barco
O barco triste
Cansado e frio
Não se moveu...
Yolanda Morazzo nasceu em 1928 em S. Vicente, Cabo Verde. Pertenceu ao Claridade, movimento de carácter cultural, social e político, cuja revista foi publicada entre 1936 e 1960.
6 comentários:
Esperança, Amiga e Colega
Tu gostas muito de África! Ficou-te nas veias o apelo pelo clima tropical, pelo mar de cálidas águas, pelas mornas cabo-verdianas, pelas cores quentes, naturais dessas terras e gentes inesquecíveis... Como eu te percebo!
Em, Olhão, a ver o mar, os barcos, a sonhar com poesia e poetas, não é difícil viajar por esse oceano e aportar no continente que tanto te fascina.
Beijinhos
Amiga Isabel
Pois é, volta e meia lá vem África! Curioso foi que quando tirei esta fotografia na lagoa de óbidos pensei logo neste poema!
O mar, os barcos, África... olha, estão toso cá dentro!
bjinhos
Esperança
Um retrato em palavras!
Como, de um barco desmantelado se refaz um mundo.
Gostei.
Um abraço, Esperança.
Jorge
Ainda bem que gostou!
Sabe que barcos e mar é comigo.
Um abraço
Esperança
É um poema lindo. Sabe que ela era professora em Luanda, quando se deu o 25 de Abril? Ela veio embora em 75 um pouco antes de mim.
Um abraço
Elvira
Sim, sabia. Ela vive em Portugal desde então.
Eu nunca vivi em África. Tive familiares meus em Luanda, em Porto Alexandre, em Lourenço Marques e em Cabo Verde. E tive um bisavô mulato que nunca conheci.
Deve ser por isso que gosto tanto de África!
bjs
Esperança
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