quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

"E a eles darei a minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome (Yad Vashem) que não será arrancado." (Isaías 56:5).
Este versículo bíblico está na origem do nome dado ao complexo construído em Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto.
O Yad Vashem abrange uma vasta área onde estão instalados: o moderno Museu da História do Holocausto, vários memoriais, como o Memorial das Crianças, a Sala da Memória, o Museu de Arte do Holocausto, esculturas, a sinagoga, arquivos, um instituto de pesquisa, biblioteca, uma editora e um centro educacional, a International School for Holocaust Studies (Escola Internacional para o Estudo do Holocausto).
Também existem lugares comemorativos ao ar livre, como o Vale das Comunidades e o Jardim dos Justos Entre as Nações, que presta homenagem a todos os não-judeus que arriscaram a vida, liberdade ou posição para salvar judeus durante o Holocausto. O português Aristides de Sousa Mendes é um dos mais de 22,000 indivíduos que, até 2008, foram reconhecidos como Justos entre as nações.

A Sala dos Nomes, onde se lembram os 6 milhões de Judeus que morreram no Holocausto.

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Israel

Caminhar! caminhar!... O deserto primeiro,
O mar depois... Areia e fogo... Foragida,
A tua raça corre os desastres da vida,
Insultada na pátria e odiada no estrangeiro!


Onde o leite, onde o mel da Terra Prometida?
- A guerra! a ira de Deus! o êxodo! o cativeiro!
E, molhada de pranto, a oscilar de um salgueiro,
A tua harpa, Israel, a tua harpa esquecida!


Sem templo, sem altar, vagas perpetuamente.
E, em torno de Sião, do Líbano ao mar Morto,
Fulge, de monte em monte, o escárnio do Crescente:


E, impassível, Jeová te vê, do céu profundo,
Náufrago amaldiçoado a errar de porto em porto,
Entre as imprecações e os ultrajes do mundo!

Olavo Bilac

Fonte: wikipédia (com hiperligação)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Tragédias

Confrontada com a desgraça dos haitianos, fico um pouco confusa sobre o que posso fazer: assistir aos contínuos directos das televisões para actualizar o ponto da situação, engrossar os inúmeros grupos de solidariedade que foram nascendo por todo o lado embora não tenha descortinado ainda quais os objectivos específicos ou actividades imediatas, deitar a mão à carteira e contribuir com alguns dinheiros para as contas solidariamente abertas ainda que não saiba em nome de quem...
Tenho pena, fico emocionada perante as imagens das crianças à deriva e enfureço-me com as imagens dos salteadores, elevo algumas preces ao Deus em que acredito, mas concluo que nada posso fazer.
Lembro outras desgraças semelhantes e recentes - ainda tenho na memória as imagens das cheias de Moçambique e a moça grávida em cima da árvore- e não encontro tanta "ãnsia", tanto "ruído", tanta "tinta".
É um corropio de gente importante que parece que quer ser vista lá! Imagine-se! Fazer da desgraça cenário quando a maior preocupação deveria ser a organização dos meios para chegar ao maior número de pessoas afectadas. São arrepiantes as solicitações dos médicos e técnicos de saúde e da população sobrevivente. Foi para lá tudo e não têm nada.
A reportagem de uma televisão brasileira descobriu uma mulher viva entre os escombros. Antes da acção imediata que seria retirá-la, foi a equipa de filmagem que trabalhou primeiro, filmando o buraco, a mão e os gemidos. Primeiro a descoberta em directo, ao vivo e a cores e depois o salvamento! Inacreditável!
Num dia destes recebi uma mensagem reenviada, duma organização portuguesa cuja responsável solicitava ajuda para aquela "gente", assim entre aspas. Não percebi, não li até ao fim, não respondi.Ponto.
Não podemos, não devemos transformar a desgraça alheia num circo.

Para me acalmar partilho um poema velhinho

Divina Comédia

Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,

Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inestinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N'um turbilhão cruel e delirante...

Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?

Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — «Homens! por que é que nos criastes?»

Antero de Quental, in "Sonetos"

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ano Internacional da Biodiversidade

Sabias que um estudo publicado em 2004, na revista “Nature”, sobre os possíveis impactos das alterações climáticas em milhares de espécies de mamíferos, aves, anfíbios, répteis, borboletas e outros invertebrados, em 6 zonas ricas em termos de biodiversidade, mostrou que entre 15 e 37% destas poderão extinguir-se até 2050?
É verdade... Para inverter esta tendência, os líderes europeus estabeleceram o objectivo de travar a perda de biodiversidade na Europa e a recuperação dos habitats e sistemas naturais até 2010 – ano que ficará inteiramente marcado pelas comemorações dedicadas ao Ano Internacional da Biodiversidade.
Os Estados Membros da União Europeia ficarão com a responsabilidade de estabelecer uma ambiciosa abordagem política do plano de acção com uma proposta de medidas concretas. Os principais objectivos do plano de acção a nível internacional passam por reforçar a importância de conservar a biodiversidade tanto para o bem-estar da humanidade como para o desenvolvimento da economia, assim como consciencializar o maior número de pessoas possível.
Para o efeito, Portugal está a criar uma Comissão Nacional, que será presidida pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade.
Está previsto ainda um conjunto de políticas a nível nacional, comunitário e europeu. Segundo a Agência Europeia do Ambiente, as várias políticas incidem em medidas de protecção específicas para espécies e habitats importantes. O Ciência Hoje revela ainda que fonte da Secretaria de Estado do Ambiente tem em mente duas propostas concretas de programação (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos e Centro de Biologia Ambiental) para a criação de uma comissão nacional, restando definir um calendário único.
Prevê-se ainda um ciclo de debates, comemorações e visitas a áreas de maior diversidade. Poderá existir também uma articulação com o país vizinho, já que Portugal partilha uma área de geo-biodiversidade, com Espanha.

O que é a biodiversidade?
A biodiversidade engloba a variedade de genes, espécies e ecossistemas que constituem a vida no planeta. Assiste-se a uma perda constante deste conjunto, com extinções e destruições com profundas consequências para o mundo natural e o bem-estar humano. De certeza que já ouviste falar no lince ibérico, por exemplo, uma espécie em vias de extinção...
As principais causas para o desaparecimento destas espécies são as alterações nos habitats naturais, resultantes dos sistemas intensivos de produção agrícola, da construção, da exploração de pedreiras, da sobrexploração das florestas, oceanos, rios, lagos e solos, da introdução de espécies alóctones invasivas, da poluição e, cada vez mais, das alterações climáticas globais. Vários estudos recentes mostram que se não forem envidados mais esforços políticos significativos, é improvável que esse objectivo seja atingido.
Retirado de ForumEstudante

domingo, 3 de janeiro de 2010

Começo

Começo o Novo Ano com as palavras de que mais gosto. As dos poetas.
Às vezes, os Poetas falam de coisas tristes e cinzentas mas falam muitas mais vezes de Amor e de Esperança. E para este ano, o que mais devemos de desejar é não perder a Esperança.
Como me faltam as palavras belas, partilho estas do Arménio Vieira (Prémio Camões 2009):

UM GATO LÁ NO ALTO

Quando e onde
não me lembro já.
Mas o certo é que a gente falava
da cauda longa dos cometas
e do calor intenso
que habita o núcleo das estrelas.

Meus olhos
estavam fitos no espaço
e de repente
vi um gato
pulando lesto e contente.

Eu juro que vi um gato
saltando de uma nuvem para outra
até ficar oculto
num floco todo branco

Confesso: tive ciúme.
“Deixe esse trapo
e salte cá para baixo”
– ia eu gritar ao gato
mas lembrei-me ainda a tempo
que a distância era muita
e que nenhum bichano entende
a conversa cá da gente.

Ainda que ele ouvisse:
o espírito de um gato
é como o canto de um poeta–
não atende nem escuta
a ordem de ninguém

Engraçado! Um gato lá no alto
entre os braços duma nuvem.
Talvez fosse
um bruxo disfarçado
ou a alma de um vate
vogando no espaço.