quarta-feira, 13 de março de 2013

Amor e Fraternidade

 A surpresa tomou conta do mundo católico perante a escolha de um cardeal argentino para suceder a Bento XVI. Pela primeira vez foi eleito um Papa oriundo do continente Americano. Isto pode querer dizer muito. E o facto de ter sido escolhido, também pela primeira vez, o nome de Francisco pode querer dizer tudo. Enquadrado por uma origem religiosa vocacionada para a missionarização (Jesuita) e ligando-se ao nome de Francisco de Assis, espera-se um pontificado de renovação e mudança, e de responsabilidade social perante os mais desfavorecidos. "Amor e Fraternidade" foram as palavras chave do discurso de apresentação de Francisco I na varanda da Basílica de S. Pedro. Perante a grave crise que se apossou do Vaticano pelos sucessivos escândalos mundanos e que, de algum modo, têm abalado os católicos, a postura deste novo Papa pode trazer novos contornos à espiritualidade e à fé, à consciência social e ao diálogo entre os Povos, apelando à fraternidade dentro e fora da Igreja e reforçando o amor em Cristo e na sua doutrina.

da net


Giovanni di Pietro di Bernardone, é o nome de São Francisco de Assis.  Depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo de seu tempo. Com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos de seu tempo costumavam fixar-se em mosteiros, e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo. Sua atitude foi original também quando afirmou a bondade e a maravilha da Criação num tempo em que o mundo era visto como essencialmente mau, quando se dedicou aos mais pobres dos pobres, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irmãos. 
Dante Alighieri disse que ele foi uma "luz que brilhou sobre o mundo", e para muitos ele foi a maior figura do Cristianismo desde Jesus.
Num período em que o modelo feudal entravam em declínio e emergia a burguesia mercantil como grande força econômica, tentou ensinar aos novos poderosos a responsabilidade social e os perigos que trazia sua riqueza, e aos miseráveis as virtudes e possibilidades espirituais ocultas em sua condição desfavorecida e seu valor inalienável como filhos de Deus, mostrando a todos que a religião podia ser fonte de alegria e não causa de opressão, e apresentando novas alternativas de expressão para uma espiritualidade que estava num processo de transição, o qual se não fosse iluminado por seu exemplo de fraternidade e obediência estrita às instituições religiosas estabelecidas poderia resultar num beco sem saída ou na revolta cismática.
Os testemunhos de época relatam que seu estilo de pregação era direto e simples, usando o vernáculo, longe da eloquência sacra de seu tempo, mas afirmam que sua sinceridade e compreensão das dificuldades da vida popular,[...]faziam que seu discurso tivesse um efeito persuasivo profundo.
Outra de suas contribuições foi a de enfatizar a paz, a tolerância, o respeito e a concórdia, e ele sempre teve a convicção de que os irmãos deviam ser pacificadores, o que deixou expresso em vários escritos e foi repetido por seus biógrafos. Mesmo nas missões que enviou para entre os muçulmanos fez recomendações para que os missionários mantivessem uma postura de respeito para com as manifestações da divindade em todos os credos e de sujeição às leis civis locais, e que evitassem se envolver em disputas teológicas.

(sublinhados meus)



3 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

Este Papa Francisco parece-me ligar-se mais a S.Francisco Xavier do que a Francisco de Assis.
Sobre ele existem documentos que o ligam de forma clara às ditaduras argentinas dos anos 70.
Não creio que traga nada de progressista à Igreja católica.

Um abraço.

o escriba disse...

Olá Jorge!

Também tenho conhecimento sobre os seus envolvimentos e as ditaduras argentinas dos anos 70. As ideias dele sobre os problemas atuais ( aborto, homossexuais, etc.) são também muito conservadoras. Gostava mais que o nome que ele escolheu tivesse mais ligação ao primeiro Francisco do que a Xavier. Espera-se renovação e mudança e um maior uso e força da influência que o Vaticano tem no tabuleiro internacional. Espera-se... Esperemos.

Um abraço
Esperança

Elvira Carvalho disse...

Vamos esperar para ver. Eu também tenho conhecimento dessas supostas ligações, mas também tenho conhecimento de que nos últimos anos as ligações foram ao contrario. Toda a gente pode errar e toda a gente pode redimir-se. Embora esperarasse um papa com ideias mais abertas em relação a alguns temas ainda assim prefiro esperar para ver.
Um abraço