segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Efeméride

Roberto Ivens 

Roberto Ivens, militar e explorador português do continente africano, nasceu a 12 de Junho de 1850, na Ilha de São Miguel, nos Açores, e morreu a 28 de Janeiro de 1898, tendo alcançado o cargo de capitão-tenente. Filho de Margarida Júlia de Medeiros Castelo Branco, de apenas 18 anos de idade, oriunda de uma família de modestos recursos, e de Robert Breakspeare Ivens, de 30 anos, filho do abastado comerciante inglês William Ivens, residente em Ponta Delgada desde 1800. Robert Breakspeare Ivens era bisneto materno do famoso Thomas Hickling, vice-cônsul americano em Ponta Delgada.
Em 1861 Roberto Ivens é inscrito na Escola da Marinha, em Lisboa, ali fazendo os estudos que o conduziram a uma carreira como oficial de marinha. Foi sempre um estudante inteligente e aplicado, mas igualmente brincalhão.Depois de viajar por diferentes países, Ivens foi nomeado, em 1877, para acompanhar Hermenegildo Capelo e Serpa Pinto numa expedição proposta pela Sociedade de Geografia de Lisboa. O objetcivo desta expedição era explorar o continente africano, se possível efectuando a ligação entre a costa atlântica e a costa do Índico, para recolher informações de carácter geográfico que facilitassem o comércio e as comunicações.De regresso a Lisboa, Roberto Ivens foi alvo de grande homenagem pelo trabalho efetuado em África. Das suas viagens ficaram os relatos De Angola à Contracosta e De Benguela às Terras de Iaca, que Ivens escreveu com Capelo.

Wikipedia e Infopedia

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Para as Minhas Meninas



 QUANDO EU FOR PEQUENO

Quando Eu For Pequeno , mãe,
quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias
inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida
me entregarão ao sossego do sono.

Quando eu for pequeno, mãe,
os teus olhos voltarão a ver
nem que seja o fio do destino
desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes
sobre a baía dos veleiros imaginados.

Quando eu for pequeno, mãe,
nenhum de nós falará da morte,
a não ser para confirmarmos
que ela só vem quando a chamamos
e que os animais fazem um círculo
para sabermos de antemão que vai chegar.

Quando eu for pequeno, mãe,
trarei as papoilas e os búzios
para a tua mesa de tricotar encontros,
e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar
enquanto o pai ao longe nos acena,
lenço branco na mão com as iniciais bordadas,
anunciando que vai voltar porque eu sou
[pequeno
e a orfandade até nos olhos deixa marcas.

José Jorge Letria, in "O Livro Branco da Melancolia"