terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Dia de Reis


Nas torres, olhando os astros,
que viajam pelos céus,
Os Reis Magos viram rastros
do avatar de um grande Deus.

Leram em livros profundos,
que a Caldeia e Assíria têm,
que estava a descer dos mundos
um Deus a Jerusalém.

Cheios de assombro à janela,
mudos ficam os seus lábios!
De pé olhando uma estrela,
velam noites os reis sábios.

Não querem mais alimento,
nem com rainhas dormir.
Não tomam ao trono assento!
Não mais volvem a sorrir!

Somente olham, sem cessar,
a branca estrela brilhante
como o ceptro dominante
do rei que vai a reinar.

Abraçam a esposa amada.
Dão as chaves aos herdeiros.
Mandam vir seus escudeiros,
Os seus bordões de jornada.

Despejam os seus erários,
cheios de alvoroço imenso.
Carregam seus dromedários,
d´ouro, de mirra, de incenso.

Passam rios e cidades
cheias de estátuas guerreiras,
palácios, campos, herdades,
cisternas sob as palmeiras.

Seguem a luz do astro belo,
que as estradas lhes clareia,
até chegar ao castelo,
do rei que reina em Judeia.

Chegados ao rei cruel,
que de Herodes nome tem,
bradam: «O Rei de Israel
nasceu em Jerusalém?...»

Fica assombrado o Tetrarca,
Diz-lhes tal nova ignorar.
- «Mas, em nome da Santa Arca,
voltai, reis, ao meu solar!»

Seus olhos ficam sombrios:
vê perdido o seu tesouro,
soldados, terras, navios,
da Judeia o ceptro de ouro!

Tomam os reis seus bordões
Levantam as suas tendas.
Carregam as suas oferendas.
Demandam novas regiões.

Passam rios e cidades
cheias de estátuas guerreiras,
palácios, campos, herdades,
cisternas sob palmeiras.

Passam colinas, rebanhos,
campos de louras searas,
quando a lua faz desenhos
no chão das estradas claras.

Passam o quente areal
que a palmeira não conforta.
Eis que a estrela pára à porta
de um decrépito curral.

Descem dos seus dromedários,
cheios de pó os reis sábios.
Descarregam seus erários.
- Mas estão mudos seus lábios.

Rojam as barbas nevadas
Sobre o Deus que adormecera.
Com as mãozinhas rosadas
Da Mãe nos seios de cera.

Seus olhos sentem assombros
e nadam cheios de choro.
- Rasgam seus mantos de ombros.
- Dão-lhe mirra, incenso e ouro.

Esquecem sua nação
mais seus carros de batalha.
- Seus ceptros rolam na palha!
- Seus diademas no chão!

E erguendo seus olhos graves,
perguntam então – olhando
as pombas voando, em bando,
os aldeões, mais as aves:

«É este o rei dos senhores?
Tábua da Lei das rainhas?
Por archeiros – tem pastores.
Por pagens – as andorinhas.»

GOMES LEAL

7 comentários:

Jorge P.G. disse...

Poema muito interessante de Gomes Leal sobre o tema.

Um abraço de estima.

Isamar disse...

Em Dia de Reis terminam as festas natalícias e eu desejo que os presentes levados ao Menino Deus sejam extensivos a este mundo que tanto precisa de paz e serenidade.

"Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher."

Ary dos Santos

Bjinhos

Bem-hajas!

Isamar disse...

Soube há pouco que tinhas sido operada. Espero que tudo esteja a decorrer conforme o previsto. Boas melhoras. Eu já não volto ao batente.

Bjinhos, amiga!

Bem-hajas!

José Lopes disse...

Não conhecia este poema.
Obrigado
Cumps

Elvira Carvalho disse...

Espero e desejo que esteja melhor e que em breve esteja novamente de boa saúde.
Um abraço

Zé Povinho disse...

Uma passagem para desejar um bom fim-de-semana.
Abraço do Zé

Isamar disse...

Uma passagem para te desejar as melhoras e que tudo se recomponha rapidamente.

Bem-hajas!

Beijinhos