domingo, 4 de julho de 2010

Poesia

Identidade


Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

7 comentários:

O Quiosque da D. Maria disse...

Um poeta, um escritor que usa as cores e a temperatura do continente que o viu nascer.
Em cada obra sua, a língua portuguesa ganha vida com as novas palavras que se soltam das suas mãos.

Zé Povinho disse...

Um escritor da minha terra, e companheiro de escola. Boa escolha.
Abraço do Zé

o escriba disse...

Um grande abraço de Boas Vindas à dona Maria desse quiosque encantador!

Um abraço
Esperança

o escriba disse...

Zé Povinho

Mia Couto reescreve a Poesia em cada palavra que inventa. É um dos meus grandes favoritos das letras!

Um abraço
Esperança

São disse...

Gosto mais de Mia como grande prosador.

Bom fim de semana.

o escriba disse...

São

Também gosto do prosador, mas acima de tudo gosto do modo como projecta nas palavras todos os seus significados, todas as suas combinações.

Bom fim de semana
Um abraço
Esperança

José Lopes disse...

Um trabalhador da palavra que usa em todos os seus possíveis significados.
Cumps