Ai, blog, blog, que te quis diário, ou pelo menos assíduo, e agora para aqui andas a fintar o tempo, falando aos soluços, com pouca vontade de conversar.
Não é que não tenha havido motivos de conversa, serena ou exaltada. Não senhor. Estas duas últimas semanas então...foi um festival, de gritos, de palavras, de discursos.
Houve festa, muita festa vermelha a encher o peito dos adeptos do futebol, que de outro desporto não se costuma tecer tamanhas e alcandroadas glórias.
Glória aos céus, gritaram outros adeptos no fervor das bandeirinhas e das camisas estampadas que receberam o Papa Bento XVI, figura máxima de uma Igreja Católica que se deseja purificada de uns salpicos mal-amados. Fátima foi o altar do mundo, coadjuvada pelas duas capitais do país.
Pouco amado e quase deserto de adeptos andou o Fado durante alguns anos. Ficou fora de moda e andou por aí erradamente aparentado com um nacional-cançonetismo que trazia más memórias. Qual náufrago abandonado à sua sorte que vê aparecer terra no horizonte, o Fado ressurgiu em vozes frescas que passeiam por outras sonoridades e eis que se torna o centro das atenções, deslizando majestoso direito a uma candidatura a património mundial.
E para terminar estas semanas de "F"'s veio o plano de austeridade para salvar este país das incongruências do nada. Uns dizem que sim, que é preciso sacrifícios para remediar a coisa. Uns dizem que não, que quem comeu a carne que roa agora os ossos. Uns dizem que isto está mesmo por um fio. Outros dizem que estamos a crescer mais do que se pensava e que estamos à frente não sei de que fila... É aqui que entra o tal "f" , que eu, por pudor linguístico e não querendo incentivar o uso de mediocridades vocabulares, me escuso de completar.
Afinal, meu bloguesito de estimação, sempre deitaste cá para fora o que aí tinhas guardado. Não era nada, mas sempre ficaste aliviadito.
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E para celebrar o Dia da Literatura da Galiza, recordo um excerto de um belíssimo poema de Rosalía de Castro (A Orillas del Sar)
Adivínase el dulce y perfumadocalor primaveral;
los gérmenes se agitan en la tierra
con inquietud en su amoroso afán,
y cruzan por los aires, silenciosos,
átomos que se besan al pasar.
Hierve la sangre juvenil, se exaltalle
no de aliento el corazón, y audaz
el loco pensamiento sueña y cree
que el hombre es, cual los dioses, inmortal,
No importa que los sueños sean mentira,
ya que al cabo es verdad
que es venturoso el que soñando muere,
infeliz el que vive sin soñar.
¡Pero qué aprisa en este mundo triste
todas las cosas van!
¡Que las domina el vértigo creyérase!
La que ayer fue capullo, es rosa ya,
y pronto agostará rosas y plantas
el calor estival.