quinta-feira, 8 de abril de 2010

Abril de Novo

Andamos atordoados. Eu, pelo menos, ando atordoada. Abro um qualquer jornal, ligo a televisão num qualquer canal e tudo gira à volta do mesmo grupo de palavras-chave, promovidas a chavões ou bordões de amparo das coisas ilógicas, discrepantes, desconexas: suspeitas e mais suspeitas de corrupção, milhões e mais milhões ganhos só "porque se cumprem objectivos", violência e mais violência insana e inútil. Andamos inundados neste mar de enrolos e vamos tocando a nossa vida, a olhar para o lado e a desejar que o insólito não nos caia em cima e vamos para àquele canal que é perito nessas coisas...insólitas.
Tantos sonhos que tivemos há trinta e seis anos. Uns tornaram-se realidade, outros desmaiaram-se nuns sonhos diferentes, outros continuaram sonhos.
Já tenho dado comigo a pensar que isto de lembrar Abril, vai sendo como as comemorações dos finais das duas Grandes Guerras em que os testemunhos vivos ou já não existem ou são muito poucos e por isso já nada se comemora, passou à história. É a Lei da Vida (e da Morte). Mas uma coisa é arrumar um acontecimento, uma lembrança ,lá muito no passado e outra é pegar nessa herança e capitalizá-la para render no presente e garantir o futuro.
Mas Abril já está aí. Não podemos desistir, nem do sonho nem da herança.


Enfim duma escolha faz-se um desafio

enfrenta-se a vida de fio a pavio

navega-se sem mar, sem vela ou navio

bebe-se a coragem até dum copo vazio

e vem-nos à memória uma frase batida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa

e outra maré cheia virá da maré vazia

nasce um novo dia e no braço outra asa

brinda-se aos amores com o vinho da casa

e vem-nos à memória uma frase batida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Sérgio Godinho

2 comentários:

Zé Povinho disse...

Abril ainda não se cumpriu e isso só será possível mudando a situação vigente. O voto é uma arma que quando mal usada tem más consequências. Tudo pode mudar e em boa parte isso está nas nossas mãos.
Abraço do Zé

José Lopes disse...

Se queremos mudar temos que actuar.
Cumps