quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Rosa Lobato Faria


Quem me quiser
há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser
há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.


Quem me quiser
há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.


Quem me quiser
há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.


Quem me quiser
há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.


Quem me quiser
há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
- Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.

4 comentários:

Maria Souza disse...

Oi Esperança

Há muito tempo que não te via por aqui.
Tudo bem?
Eu continuo na cidade de Belo Horizonte, que aliás, é muito bonita e moderna.
Encontro-me no teu bonito e informativo blogue.
Continua sempre assim.
Bjos
São

Mare Liberum disse...

Um dos poemas mais bonitos de Rosa Lobato de Faria que, inesperadamente, nos deixou apesar de ainda ter muito para nos dar.

Bem-hajas, amiga!

Bjinhos

o escriba disse...

Maria Souza

Que bom ter notícias tuas!
Não te julgava no outro lado do Atlântico.

Tudo de bom para ti!

bjs
Esperança

o escriba disse...

Mare Liberum

Também gosto muito deste poema!
A Rosa Lobato Faria era uma pessoa encantadora que tive o grato prazer de conhecer.Era simpática e expressiva. Como eu gosto das suas letras e palavras!

bjs
Esperança