quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Outono



Em uma Tarde de Outono


Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...

Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?

A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!

E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...


Olavo Bilac, in "Poesias"
foto da net

2 comentários:

Zé Povinho disse...

O meu atraso nas visitas fez com que tivesse que ler o Jorge de Sena, para recordar e para admirar a qualidade da escrita e do pensamento.
Abraço do Zé

vieira calado disse...

Grande poema brasileiro, este!

Obrigado pela partilha.

Cumprimentos meus