sexta-feira, 31 de julho de 2009

Fim de Julho

E este interminável mês de Julho chegou ao fim! Uff!
Agora está tudo em ordem e preparo-me para descansar... se conseguir. Muito sol, muito calor, muita areia, muita água azul, mas também muitas toalhas, guarda-sóis, protectores, sumos, iogurtes, fraldas... e o que mais adiante vier.



Agora uma lembrancinha para a minha velhota de 86 anos, ainda que já tenha passado o Dia dos Avós:




Balada para uma velhinha


Num banco de jardim uma velhinha
está tão só com a sombrinha
que é o seu pano de fundo.
Num banco de jardim uma velhinha
está sozinha, não há coisa
mais triste neste mundo.
E apenas faz ternura, não faz pena,
não faz dó,
pois tem no rosto um resto de frescura.
Já coseu alpergatas e
bandeiras verdadeiras.
Amargou a pobreza até ao fundo.
Dos ossos fez as mesas e as cadeiras,
as maneiras
que a fazem estar sentada sobre o mundo.
Neste jardim ela
à trepadeira das canseiras
das rugas onde o tempo
é mais profundo.
Num banco de jardim uma velhinha
nunca mais estará sozinha,
o futuro está com ela,
e abrindo ao sol o negro da
sombrinha poidinha,
o sol vem namorá-la da janela.
Se essa velhinha fosse
a mãe que eu quero,
a mãe que eu tinha,
não havia no mundo outra mais bela.
Num banco de jardim uma velhinha
faz desenhos nas pedrinhas
que, afinal, são como eu.
Sabe que as dores que tem também são minhas,
são moinhas do filho a desbravar que Deus lhe deu.
E, em volta do seu banco, os
malmequeres e as andorinhas
provam que a minha mãe nunca morreu.



Ary dos Santos
foto da net

2 comentários:

Mare Liberum disse...

Boas férias, amiga e colega.Lindo o poema que nos trouxeste hoje e que tanto me comove sempre que o leio.

Bjinhos

Bem-hajas!

o escriba disse...

Isamar

Encantada com a tua visita, querida amiga e colega!!!

Boas férias e tudo de bom para ti!

Esperança