sexta-feira, 31 de julho de 2009

Fim de Julho

E este interminável mês de Julho chegou ao fim! Uff!
Agora está tudo em ordem e preparo-me para descansar... se conseguir. Muito sol, muito calor, muita areia, muita água azul, mas também muitas toalhas, guarda-sóis, protectores, sumos, iogurtes, fraldas... e o que mais adiante vier.



Agora uma lembrancinha para a minha velhota de 86 anos, ainda que já tenha passado o Dia dos Avós:




Balada para uma velhinha


Num banco de jardim uma velhinha
está tão só com a sombrinha
que é o seu pano de fundo.
Num banco de jardim uma velhinha
está sozinha, não há coisa
mais triste neste mundo.
E apenas faz ternura, não faz pena,
não faz dó,
pois tem no rosto um resto de frescura.
Já coseu alpergatas e
bandeiras verdadeiras.
Amargou a pobreza até ao fundo.
Dos ossos fez as mesas e as cadeiras,
as maneiras
que a fazem estar sentada sobre o mundo.
Neste jardim ela
à trepadeira das canseiras
das rugas onde o tempo
é mais profundo.
Num banco de jardim uma velhinha
nunca mais estará sozinha,
o futuro está com ela,
e abrindo ao sol o negro da
sombrinha poidinha,
o sol vem namorá-la da janela.
Se essa velhinha fosse
a mãe que eu quero,
a mãe que eu tinha,
não havia no mundo outra mais bela.
Num banco de jardim uma velhinha
faz desenhos nas pedrinhas
que, afinal, são como eu.
Sabe que as dores que tem também são minhas,
são moinhas do filho a desbravar que Deus lhe deu.
E, em volta do seu banco, os
malmequeres e as andorinhas
provam que a minha mãe nunca morreu.



Ary dos Santos
foto da net

sábado, 18 de julho de 2009

Homem na Lua


Há 40 anos, o Homem pisou pela primeira vez o solo da Lua.
Neil Armstrong, comandante da missão Apollo 11, foi o primeiro ser humano a pisar na superfície lunar. A caminhada de duas horas, que partilhou depois com Edwin 'Buzz' Aldrin, foi seguida por milhões de espectadores pela televisão em todo o mundo.
A frase “Este é um pequeno passo para um homem, mas um enorme salto para a humanidade”( Neil Armstrong) resumiu, nesse dia 20 de Julho de 1969, a realização de um dos mais gloriosos feitos da História da Humanidade.

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Melancolia
Oh dôce luz! oh lua!
Que luz suave a tua,
E como se insinua
Em alma que fluctua
De engano em desengano!
Oh creação sublime!
A tua luz reprime
As tentações do crime,
E á dôr que nos opprime
Abres-lhe um oceano!
É esse céo um lago,
E tu, reflexo vago
D'um sol, como o que eu trago
No seio, onde o afago,
No seio, onde o aperto?
Oh luz orphã do dia!
Que mystica harmonia
Ha n'essa luz tão fria,
E a sombra que me guia
N'este areal deserto!
Embora as nuvens trajem
De dia outra roupagem,
O sol, de que és imagem,
Não tem essa linguagem
Que encanta, que namora!
Fita-te a gente, estuda,
(Sem mêdo que se illuda)
Essa linguagem muda...
O teu olhar ajuda...
E a gente sente e chora!
Ah! sempre que descrevas
A orbita que levas,
Confia-me o que escrevas
De quanto vês nas trevas,
Que a luz do sol encobre!
As victimas, que escutas,
De traças mais astutas
Que as d'essas féras brutas...
E as lastimas, as luctas
Da orphã e do pobre!
João de Deus, in 'Ramo de Flores'

sábado, 4 de julho de 2009

Grande Bocage

Conformando-se com os reveses da Sorte

Se o Destino cruel me não consente
Que o ferro nu brandindo, irado e forte,
Lá nos horrendos campos de Mavorte,
De loiros imortais guarneça a frente;

Se proíbe que, em sólio refulgente,
Faça os povos felizes, de tal sorte,
Que o meu nome, apesar da negra Morte,
Fique em padrões e estátuas permanente;

Se as suas ímpias leis inexoráveis
Não querem que os mortais em alto verso
Cantem de mim façanhas memoráveis,

Submisso à má ventura, ao fado adverso,
Ao menos por desgraças lamentáveis
Terei perpétua fama no Universo.