terça-feira, 5 de maio de 2009

Rir

No meio de tantos dias Internacionais, Mundiais, Nacionais e Locais, que celebram tudo e mais alguma coisa, há um em particular que me muito me apraz e que registo com satisfação. Foi comemorado ontem. Falo do Dia Mundial do Riso.
Sim, ontem foi dia de rir, rir, rir muito. De quê? Amigos, de tudo, a começar de nós próprios.
Embora a sabedoria popular nos diga que muito riso pouco siso ou o rir ou o zombar não há-de passar de brincar, ela também reconhece que a rir muitas verdades se dizem e que tristezas não pagam dívidas.
Aqui há uns anos trabalhei com uma senhora natural do norte da Europa que apontava como razão principal da sua fixação no nosso país o facto de sermos risonhos e bem dispostos, coisa que não acontecia no seu país de origem onde, segundo ela, as pessoas eram, no geral, sombrias e pouco dadas ao riso. Porém, há outros povos que o exaltam como forma de manter o corpo e a mente em bom estado de consumo: rir mexe com dezenas de músculos e alivia as preocupações e tensões diárias. Era neste argumento que se baseava o dr. Louro, quando nos fazia dar umas boas gargalhadas no início de cada aula de teatro.
Presentemente, com a crise económica, o desemprego galopante e a gripe A , não temos muitos motivos para rir ou sorrir sequer, mas, mesmo assim, não conseguimos apagarmo-nos de todo. As televisões frequentemente nos presenteiam com apanhados de situações risíveis ou ridículas, os cartoonistas dos jornais fixam no papel algum momento político que nos faz sorrir e, em último caso, temos sempre à mão aquele amigo impagável que tem um anedotário em três volumes e o despeja com a bica da manhã.
Rir faz bem. Eu rio muito. Às vezes até às lágrimas. Porque o choro e o riso têm uma fronteira ténue e se o poeta já dizia que ria para não chorar, então rir é a melhor alternativa.


Gargalhada
Homem vulgar! Homem de coração mesquinho!
Eu te quero ensinar a arte sublime de rir.
Dobra essa orelha grosseira,
e escuta o ritmo
e o som da minha gargalhada:
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
Não vês?
É preciso jogar por escadas de mármore baixelas de ouro.
Rebentar colares, partir espelhos, quebrar cristais,
vergar a lâmina das espadas e despedaçar estátuas,
destruir as lâmpadas, abater cúpulas,
e atirar para longe os pandeiros e as liras...
O riso magnífico é um trecho dessa música desvairada.
Mas é preciso ter baixelas de ouro,
compreendes?
— e colares, e espelhos, e espadas e estátuas.
E as lâmpadas, Deus do céu!
E os pandeiros ágeis e as liras sonoras e trémulas...
Escuta bem:
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
Só de três lugares nasceu até hoje esta música heróica:
do céu que venta,
do mar que dança,
e de mim.
Cecília Meireles, in 'Viagem'

14 comentários:

Mare Liberum disse...

Rir faz bem. Nem sempre é possível mas soltar umas boas gargalhadas de quando em vez é muito bom.

Bem-hajas!

Bjinhos

alcinda leal disse...

Concordo inteiramente consigo!
Belo texto!
Uma boa gargalhada é o melhor anti depressivo!
Gosto de uma boa gargalhada que agora tenho que evitar por causa de uma cirurgia.
Bjs
Alcinda

o escriba disse...

Isamar

Mas olha que andamos todos a precisar de umas boas gargalhadas, Amiga!

bjinhos
Esperança

o escriba disse...

Alcinda Leal

Mas assim que puder, solte uma boa gargalhada que lhe fará ainda melhor!

bjs
Esperança

Jorge P. Guedes disse...

COMO ADVIRTO N'"OS BIGODES do..." RIR FAZ BEM AO CÉREBRO.
TEMOS É QUE SABER DOSEAR O RISO E A SUA QUALIDADE PARA NÃO FICARMOS APATETADOS.

UM ABRAÇO.

o escriba disse...

Jorge

Pois...muito riso pouco siso, já lá dizia a minha avó!

Bom fim de semana
Um abraço
Esperança

Miguel disse...

Rir é viver melhor ...!

Um BOM FDS!
Bjks da M&M & Cª!

o escriba disse...

Miguel

Sem dúvida!!!

Boa semana de trabalho
Beijos à Matilde & Cª
Esperança

Elvira Carvalho disse...

Rir faz bem. Mas neste momento o riso só se solta quando tenho a netinha nos braços. De resto tenho poucos motivos para alegria.
Um abraço e boa semana

Amar sem sofrer na Adolescência disse...

Postei ontem no manual falando exatamente sobre a importância do riso, de restaurar a alegria genuína, aquela que conhecemos de perto na nossa infância. Agora leio você e também esse poema maravilhoso da grande mestra e porta-voz da poesia.Visitar você é sempre um grande prazer. Concordo inteiramente com suas palavras tão bem(n)ditas!!!
Parabéns!!!
www.relatosdeumaescritora.blogspot.com
oadestradordesentimentos.blogs.sapo,pt

Jorge P. Guedes disse...

Já não consigo nem rir destes "dias de"...
Que praga!

Um abraço, Esperança.

o escriba disse...

Elvira

Pois também me acontece o mesmo: a minha Aurora oferece-me sorrisos todos os dias!


bjs
Esperança

o escriba disse...

Stella

Obrigada pela visita e pelas suas palvras simpáticas!

bjs
Esperança

o escriba disse...

Nem eu, Amigo Jorge!
Bem que faço um esforço... sorrio mas não rio! E que falta me faz rir!


Um abraço
Esperança