Ontem foi dia de S.Martinho, o santo da capa vermelha.
A tradição, que já não é o que era, manda comer castanhas e beber vinho novo, jerupiga ou água-pé (não sei se é tudo a mesma coisa). Mas a inflação fez da castanha um artigo caro, de dias especiais.
A tradição também foi atraiçoada em matéria de tempo. O verão do dito cada vez é mais parecido com um Outono enfurecido a deitar para a invernia.
Mas voltemos ao santo, melhor dizendo à sua capa. O sol, que aquece o corpo e a alma, revelou-se no exacto momento em que ela é rasgada ao meio para mitigar o frio do mendigo. A capa do romano, rico e poderoso, é partilhada com um abandonado pela vida. Esse é o seu verdadeiro significado: a partilha.
Na pressa dos dias de hoje, quando rasgamos alguma coisa, é para a deitar fora, desfazermo-nos do que não nos faz falta. Quem se lembra de rasgar um postal de boas festas e partilhar uma das metades com alguém? Quem se lembra de rasgar um talão do multibanco e entregar um bocado à pessoa que nos procede na fila? Ridículo! É verdade. Mas estas metades ou outras de teor semelhante fazem parte do mundo de tralhas que nos rodeiam e sem as quais dificilmente passamos.
A tradição, que já não é o que era, manda comer castanhas e beber vinho novo, jerupiga ou água-pé (não sei se é tudo a mesma coisa). Mas a inflação fez da castanha um artigo caro, de dias especiais.
A tradição também foi atraiçoada em matéria de tempo. O verão do dito cada vez é mais parecido com um Outono enfurecido a deitar para a invernia.
Mas voltemos ao santo, melhor dizendo à sua capa. O sol, que aquece o corpo e a alma, revelou-se no exacto momento em que ela é rasgada ao meio para mitigar o frio do mendigo. A capa do romano, rico e poderoso, é partilhada com um abandonado pela vida. Esse é o seu verdadeiro significado: a partilha.
Na pressa dos dias de hoje, quando rasgamos alguma coisa, é para a deitar fora, desfazermo-nos do que não nos faz falta. Quem se lembra de rasgar um postal de boas festas e partilhar uma das metades com alguém? Quem se lembra de rasgar um talão do multibanco e entregar um bocado à pessoa que nos procede na fila? Ridículo! É verdade. Mas estas metades ou outras de teor semelhante fazem parte do mundo de tralhas que nos rodeiam e sem as quais dificilmente passamos.
Mas há outras metades que servem para partilhar.. São coisas que não rasgamos, porque não as compramos.
Um sorriso, um abraço, um silêncio, até mesmo um elogio (não se diz rasgados elogios?) são a metade da capa de Martinho. Aquecem o corpo e a alma. Quando damos estas metades, somos ricos e poderosos em solidariedade e generosidade. Quando nos dão estas metades, reencontramos a força para viver.
17 comentários:
Gostei muito desta reflexão, que ademais, foge aos tradicionais posts contando alenda já tão conhecida.
Parabéns.
Um abraço.
E VIVA O VINHO NOVO!
Bonito post.A lenda já a conhecia, mas agora aprendi a repensá-la.
Um abraço
Jorge
Obrigada.É sempre interessante reflectir sobre o que estas lendas, contos ou simples histórias têm como mensagem principal.
Um abraço
E VIVA A CASTANHA ASSADA!
Esperança
Elvira
É sempre gratificante quando ajudamos a aprender alguma coisa. Todos os dias aprendemos, todos os dias ensinamos. Obrigada.
bjinhos
Esperança
"Um sorriso, um abraço, um silêncio, até mesmo um elogio (não se diz rasgados elogios?) são a metade da capa de Martinho."
muito bem colocado, fosse esta sociedade mais "São Martinho", bastava metade e isto estaria muito melhor.
Tiago R Cardoso
Pode crer que se alargássemos a acção para além do nosso umbigo o mundo estaria um pouco melhor.
Um abraço
Esperança
Um excelente post, colega! A vida devia ser isto! Mas é sonho de poucos e menos ainda são aqueles que o praticam no dia-a-dia.
És uma boa amiga e a cada dia que passa maior é a minha convicção de que esta Soma de Letras em boa hora apareceu.
Bem-hajas!
Sinto-me uma privilegiada por teres vindo, um dia, ao meu encontro.
Bjinhos
Esperança
E que bem sabe partilhar! Sejam objectos, alimentos, ideias ou simples palavras...
Bjs
Isabel
Querida Amiga, obrigada pelas tuas doces palavras!Deixas-me sem ...palavras!
bjinhos
Esperança
Ana Lagartinha
Quando partilhamos, sentimo-nos outros,mais livres e abertos!
bjinhos
Esperança
Num mundo onde pontua o individualismo e o olhar só para o próprio umbigo, é sempre bom reflectir sobre a partilha e a solidariedade, mesmo que nos pequenos gestos.
Abraço do Zé
Vim só deixar um beijito antes de ir dormir que hoje não me aguento em pé...
Bom fim de semana
Zé Povinho
É a soma dos pequenos gestos de partilha que nos dá força para continuarmos a lutar no dia a dia.
Um abraço
Esperança
Ana Lagartinha
Bom descanso e bom fim de semana.
bjinhos
Esperança
Seria assim tão raro alguém auxiliar um pobre para que se fosse santificado por isso?!
Bom fim de semana.
São
Se calhar ainda era pior do que nos dias de hoje!...
Seja bem vinda ao meu espaço.
Bom fim de semana
Esperança
Gostei muito...
carla
http://www.arte-e-ponto.blogspot.com
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