sábado, 30 de agosto de 2008

Perspectivas

Barcos

"Nha terra é quel piquinino
É São Vicente é que di meu"

Nas praias
Da minha infância
Morrem barcos
Desmantelados.

Fantasmas
De pescadores
Contrabandistas
Desaparecidos
Em qualquer vaga
Nem eu sei onde.

E eu sou a mesma
Tenho dez anos
Brinco na areia
Empunho os remos...
Canto e sorrio...
A embarcação
Para o mar!
É para o mar!...

E o pobre barco
O barco triste
Cansado e frio
Não se moveu...


Yolanda Morazzo nasceu em 1928 em S. Vicente, Cabo Verde. Pertenceu ao Claridade, movimento de carácter cultural, social e político, cuja revista foi publicada entre 1936 e 1960.

6 comentários:

Isamar disse...

Esperança, Amiga e Colega

Tu gostas muito de África! Ficou-te nas veias o apelo pelo clima tropical, pelo mar de cálidas águas, pelas mornas cabo-verdianas, pelas cores quentes, naturais dessas terras e gentes inesquecíveis... Como eu te percebo!
Em, Olhão, a ver o mar, os barcos, a sonhar com poesia e poetas, não é difícil viajar por esse oceano e aportar no continente que tanto te fascina.

Beijinhos

o escriba disse...

Amiga Isabel

Pois é, volta e meia lá vem África! Curioso foi que quando tirei esta fotografia na lagoa de óbidos pensei logo neste poema!
O mar, os barcos, África... olha, estão toso cá dentro!

bjinhos
Esperança

Jorge P. Guedes disse...

Um retrato em palavras!
Como, de um barco desmantelado se refaz um mundo.

Gostei.
Um abraço, Esperança.

o escriba disse...

Jorge

Ainda bem que gostou!
Sabe que barcos e mar é comigo.

Um abraço
Esperança

Elvira Carvalho disse...

É um poema lindo. Sabe que ela era professora em Luanda, quando se deu o 25 de Abril? Ela veio embora em 75 um pouco antes de mim.
Um abraço

o escriba disse...

Elvira

Sim, sabia. Ela vive em Portugal desde então.
Eu nunca vivi em África. Tive familiares meus em Luanda, em Porto Alexandre, em Lourenço Marques e em Cabo Verde. E tive um bisavô mulato que nunca conheci.
Deve ser por isso que gosto tanto de África!

bjs
Esperança