terça-feira, 17 de junho de 2008

Fim de Festa

Há 200 anos a aldeia de Olhão tornou-se a Vila de Olhão da Restauração.
O Bicentenário foi comemorado com muita pompa e alguma circunstância.

A Recriação Histórica da revolta contra o ocupante francês transportou os olhanenses até essa data distante. João da Rosa recordou, na primeira pessoa, o que às gerações vindouras deixou escrito.Os pescadores afirmaram o profundo descontentamento no seu falajar rude como o surrobeco das calças ou o riscado das camisas; as mulheres da ria invectivaram com fúria o ocupante que as desrespeitava, deixando entrever as anáguas por debaixo das saias compridas; a gente do interior, agarrou nas cestas com os produtos do seu labor a cada passagem da soldadesca, temendo ser espoliados. À porta da Igreja Matriz, construída em 1695, a burguesia olhava altiva a populaça, arroupada de sedas e veludos. José Lopes de Sousa, no seu traje de militar, não quer admitir que "Já não há Portugueses! Já não somos nada!" e rasga o edital do usurpador. Então, terminada a missa, conduzida pelo Padre Malveiro, os olhanenses juntaram-se ao chefe eleito naquela hora e expulsaram os invasores.
Foi bonito de se ver. Foi mesmo bonito de se ver.


Mas Olhão é, também, uma terra de poetas. Teresa Rio, poetisa de créditos firmados, homenageia um grande Olhanense, João Lúcio.




ENCANTAMENTO
(Recordando o Poeta Olhanense João Lúcio)


Nas altas copas verdes do pinhal
Chegara pontual o sol nascente;
Beijada pela brisa matinal
Vibrava a ramaria docemente.
E, ali, estava o campo salpicado
De flores coloridas e modestas,
- Original tapete matizado -
P'ra receber a Deusa das Florestas,
Riscando o azul, álacre, a passarada,
(Quem dera assim fruir de tal leveza)
Rompera numa enorme chilreada
Num hino de louvor à natureza!
- Jogos da vida, cruzados no céu -
Na terra, a mutação renovadora
Da semente que em silêncio cresceu
Com vigor, esplendente e promissora.
A Ria, o areal subindo, vinha
Mirar tanta beleza sem igual!
E a alma do Poeta, ali sozinha,
De certo vagueava p'lo pinhal!!!






9 comentários:

Isamar disse...

Amiga

Também estive em Olhão, ontem à tarde, e vi a festa que os professores e alunos da João da Rosa fizeram. Lá estava o Padre Malveiro, os pescadores de Olhão, as gentes do campo, vestidos a preceito...
Felizmente temes-te a ti p´ra alemiar o q?aconteceu.Num instantinhite, fizeste um contarele prefête do case.Via-se o óide da pepelação estampado nas fuiças.Os moces pequenes tavam de bocas escancaradas, na tavam sogados e anava tude num desalvore.Os maraus portarem-se tam mal c`os filhos d`Olhão, marafades, os expulsarem da vila.
Onta o espectácle foi jêtose.Até estrii uma anágua. Havia umas feguras bem descascadas!

Espero que me tenhas entendide Esperança.

Beijinhos

o escriba disse...

Isabel

Atão nã havera de te ter percebide?
Tava tude dsarverade! Até o mane Balé! Bem que a mana Marquita o tentou acalmar, má qu'ele inté tinha rezão!
Obrigada Amiga pela tua presença na nossa recriação histórica! Não desmerecemos da festividade.

Um grande beijo
Esperança

Isamar disse...

João da Rosa, escrivão do Compromisso Marítimo, devido à sua vetusta idade, não compareceu mas foi evocado como lhe competia.
Cai pra i dous dias que na se fala noutra cousa. Hai quem se diga enfegade com iste e se continuem cá os franceses espadaçavam tudo . alhameiste moce, um cântre de azête fervente é quê lhes adava.
Móce, vou-me endande ca noute na tarda tá í.
Bjinhos

rendadebilros disse...

São estas resistências que nos estão no sangue, apesar de apelidados de brandos costumes... mas não contra a injustiça!

O Verão por aqui , estes dias, vai também dando sinal... devagarinho!

o escriba disse...

Isabel

Amiga, até parecia que sabias os papéis todos!
Tou cá desconfiada que andaste a falar com o João da Rosa!
Ia pedir-te que me mandasses um e-mail para eu na volta te poder enviar os textos da dramatização, se os quizesses ter como recordação, mas já não sei...
diz-me qualquer coisa!

bjs
Esperança

o escriba disse...

Rendadebilros

É assim a história da minha terra!
Subimos a Vila por mérito próprio.

O Verão já aqui está instalado!
Olhe, ainda hoje vi duas ou três borboletas... branquinhas como a espuma das ondas.
Obrigada pela sua visita.

bjs
Esperança

Isamar disse...

Escriba

Olha que Olhão já há muito que subiu a cidade. Também por mérito próprio.

Beijinhos

o escriba disse...

Isabel

De facto Olhão já é cidade há duas décadas e por mérito próprio, mas só agora é que começa a sair da "adolescência"...falta-lhe ainda olhar com mais apreço para as coisas da cultura, falta-lhe mais espaços verdes e falta-lhe ainda o saber preservar a sua História ( falo por exemplo da ausência de um Museu da Conserva ou do Mar! . Talvez na próxima década, quem sabe?

bjs
Esperança

Isamar disse...

Não posso estar mais de acordo contigo. Para quando um Museu do Mar?

E tanto mais que lhe falta!

Beijinhos