quinta-feira, 22 de maio de 2008

Eugénio Tavares

EUGÉNIO TAVARES :1861-1930
Nasceu na Brava (Cabo Verde). Autodidacta, funcionário publico, jornalista e polemista. Dramaturgo, ficcionista e poeta. Paradigma da crioulidade, autor de inúmeras mornas.
Foi na poesia crioula que Eugénio mais se notabilizou, pela construção de um estilo, um dos primeiros compositores a sistematizar a “sodade”, a “partida” e que compôs a primeira morna dedicada à “hora di bai”.

Canção ao Mar (Mar Eterno)
Oh mar eterno sem fundo,
Sem fim
Oh mar de túrbidas vagas,
Oh mar!
De ti e das bocas do mundo
A mim
Só me vem dores e pragas,
Oh mar!
Que mal te fiz,oh mar, oh mar
Que ao ver-me pões-te a arfar, a arfar
Quebrando as ondas tuas
De encontro às rochas nuas
Suspende a zanga um momento
Escuta
A voz do meu sofrimento
Na luta
Que o amor acende em meu peito
Desfeito
De tanto amar e penar, oh mar!
Que até parece oh mar, oh mar
Um coração a arfar, a arfar
Em ondas pelas fráguas
Quebrando as suas máguas
Dá-me notícias do meu amor, Amor
Que um dia os ventos do céu, Oh dor!
Nos seus braços furiosos
Levaram
E ao meu sorriso, invejosos,
Roubaram
Não mais voltou ao lar, ao lar
Não mais o vi oh mar, oh mar
Mar fria sepultura
Desta minha alma escura
Roubaste-me a luz querida
Do amor,
E me deixaste sem vida
No horror
Oh alma da tempestade
Amansa,
Não me leves a saudade
E a esperança
Que esta saudade, é quem, é quem
Me ampara tão fiel, fiel
É como a doce mãe
Suavíssima e cruel
Mas máguas desta aflição
Que agita
Meu infeliz coração,
Bendita,
Bendita seja a esperança
Que ainda
Lá me promete a bonança
Tão linda!

9 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

Foi interessante conhecer esta figura de Cabo-Verde.
Não aprecio muito este tipo de poesia, mas reconheço-lhe uma generosidade e genuinidade importantes.

Um abraço.
Jorge P.G.

Papoila disse...

Escriba:
Obrigada pela visita ao meu campo.
Gostei de conhecer esta soma de letras e este poeta Eugénio Tavares. O poema ao Mar tem a tiada e o ritmo da morna de que gostei.
"Bendita seja a esperança
Que ainda
Lá me promete a bonança"
Beijo

Isamar disse...

Desconhecia de todo este poeta. Gostei. Umas letras a somar a outras tantas que vou guardando. Letras do meu contentamento.

Beijinhos

Isamar disse...

Esperança, o selo do Sineiro é lindíssimo. Falta-te aí.
Bjinhossss colega

o escriba disse...

Jorge

Eugénio Tavares é o poeta da lusofonia e, efectivamente, o seu nome aparece mais associado às mornas . É genuíno.É o poeta da diáspora cabo-verdiana.


um abraço
Esperança

o escriba disse...

Papoila

Bem - vinda ao meu canto.
Este poema é uma morna.Muito antiga e tradicional. Foi a primeira que ouvi em criança.

Vá passando

bjs
Esperança

o escriba disse...

Sophiamar

Ainda bem que gostaste.Também são letras do meu contentamento.
E não há-de faltar aqui o selinho do sineiro! Vou já pô-lo!

bjs
Esperança

lagartinha disse...

Escriba
Olá, vim conhecer e agradecer a visita. E ainda bem. Lindo poema. Não conhecia o autor e também não estou muito familiarizada com as mornas, mas nunca é tarde para aprender, não é?
Quanto ao cartão,já lá está na barra lateral. Sócia nº 8. Agora é só copiar e inserir aqui na sua página.Peço que também inclua o link da página do CLUBE DOS BLOGUISTAS PORTUGUESES http://clubedosbloguistasportugueses.blogspot.com
e já agora, se tiver vontade, dê uma ideia do que gostaria de ver publicado,pois a página é dos sócios...
Um beijinho e obrigada por aderir

o escriba disse...

Lagartinha

Sem letras para agradecer a sua prontidão. Já cá tenho o cartão de sócia, ainda por cima com o meu número preferido. Também aproveitei a coloquei o selinho da reciclagem, que é bonito e faz bem à saúde.
Quanto a propostas de "actividades" do clube, vou pensar e depois digo-lhe, está bem?
Obrigada

bjs
Esperança