terça-feira, 22 de abril de 2008

Isabel Allende


A semana está a meio e o trabalho ainda não está arrumado. O sol do meu Algarve tarda em sacudir de si as cortinas que este tempo desencontrado tem pendurado por aí e a minha disposição não tem sido das melhores. Hoje, então, estou que "não me recomendo". Esta frase aqui do lado sobre os amigos é capaz de ter razão, sim senhor. Amiga, amiga, não direi, mas boa companheira de viagens à memória das coisa tem sido a Isabel Allende, que vou apresentar na próxima tertúlia. É uma escritora de quem gosto muito. As personagens, que ela compõe como um puzzle a partir das pessoas que ela conhece, protagonizam histórias que bem podiam ser as nossas e têm percursos de vida onde se misturam o amor, a tragédia, a coragem e a esperança.
Numa entrevista a Celia Correas Zapata, Isabel diz "a escrita é para mim uma tentativa desesperada de preservar a memória. Escrevo para que me não vença o esquecimento". De facto, quem tem este dom da escrita tem a arma ideal para rasgar o véu espesso que envolve as lembranças do que fizemos, do que fomos e dos que conhecemos. Lembrarmo-nos de coisas passadas funciona, muitas vezes, como terapia para as mazelas do nosso presente. O exemplo dela mais concreto é o livro "Paula", escrito durante a terrível doença da filha e que a ajudou a superar a dor moral da perda definitiva. Para mim, é um dos mais bonitos que ela escreveu.
Bem, mas não quero ficar melancólica, até porque estou a ouvir uma musiquinha de que gosto muito e a Isabel Allende também tem aspectos cómicos nas suas obras. É a magia das suas palavras: tão depressa nos comovemos com as tragédias como nos rimos a bandeiras despegadas com as situações hilariantes em que algumas personagens se vêm envolvidas. Tal e qual a vida!

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